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"Acho que Uajdi já deu o dinheiro que tinha que dar para o Hélio Costa"
Roberto Talma, em agosto de 2010, acusando o ex-ministro de corrupção

Roberto Talma, que é diretor de novelas da Globo, protagonizou uma cena patética. Na segunda-feira 8, ele publicou no jornal “Folha de S. Paulo” uma nota paga retratando-se das acusações que havia feito contra o ex-ministro Hélio Costa à ISTOÉ em agosto de 2010. Na ocasião, Talma lançou suspeitas sobre um acordo de indenização de R$ 254 milhões, assinado pela Telebrás, em 2006, durante a gestão de Costa. Esse acordo beneficiou a empresa VT UM Produções e Empreendimentos, de Uajdi Moreira, empresário, ex-produtor de tevê e amigo tanto de Costa como de Talma. O diretor, que reivindica na Justiça de São Paulo 23% do valor da indenização por conta de um empréstimo a Moreira, acusou o ex-ministro de ter embolsado parte da bolada. “Acho que Uajdi já deu o dinheiro que tinha que dar para o Hélio Costa”, disse Talma à reportagem em entrevista gravada. Em resposta, Costa o processou. Agora, mais de um ano depois do feito e cumprindo determinação da Justiça, o diretor vem a público para dizer que mentiu. “Fiz declarações que reconheço serem inverídicas contra o senador Hélio Costa atribuindo-lhe a prática de atitudes antiéticas ou ilegais”, escreveu.

Surpreende que alguém com a reputação profissional de Talma se preste a esse tipo de prática. Além disso, seu desmentido acaba por tornar o caso ainda mais nebuloso. Embora o STF tenha concluído que a responsabilidade do acordo de indenização foi da Telebrás e não de Costa, não há dúvidas de que a empresa está sob a influência direta de quem comanda o Ministério das Comunicações. Costa é quem chefiava a área. O Ministério Público já havia pedido ao Coaf levantamento de todas as transferências financeiras feitas pela Telebrás para a VT Um Produções. Uma delas, de R$ 59,5 milhões, foi efetuada logo após o fechamento do acordo. Depois disso, Uajdi passou a receber 40 parcelas mensais de R$ 900 mil. Outros R$ 107 milhões seriam pagos em créditos que a Telebrás tem com a Receita Federal.

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É bom lembrar também que a VT UM, em processo semelhante promovido contra a Embratel, a quem prestara os mesmos serviços pelo mesmo período, recebeu R$ 44 milhões. Ou seja, 17% do valor pago pela Telebrás. A AGU resolveu questionar a diferença e, recentemente, conseguiu na Justiça o bloqueio de R$ 158,4 milhões, em valores corrigidos, que ainda seriam pagos à produtora do amigo de Costa. A mesma AGU já havia solicitado ao Coaf, no ano passado, um relatório sobre as movimentações financeiras do ex-ministro e de pessoas ligadas a ele. Procurado pela reportagem, Costa não quis se pronunciar. Talma, agora surpreendentemente satisfeito, também não retornou as ligações. Nesta novela com cheiro de folhetim, o diretor não parece disposto a revelar o verdadeiro epílogo. 

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