27/02/2002 - 10:00
Eike Batista, 45 anos, nascido em Governador Valadares, Minas Gerais, formado em engenharia metalúrgica na Alemanha, filho de Eliezer Batista (ex-presidente da Companhia Vale do Rio Doce), dois filhos, casado. Aí está o ponto de maior visibilidade na vida deste empresário de porte elegante, 1,79 m de altura e 78 quilos, olhos claros, cabelos começando a rarear. Eike é o famoso marido da Luma. Ela, Luma de Oliveira, 37 anos, a eterna musa do Carnaval carioca, que balança o País quando posa nua ou desfila entre plumas. Empresário bem-sucedido em áreas como mineração, termelétrica, encomendas expressas, água industrial, entre outras, Eike vê seu currículo profissional embaçado pelas estripulias da mulher. E não está nem aí. Deixa que falem enquanto goza a felicidade com a amada numa bela mansão na Lagoa, zona sul do Rio. Há quatro anos, Luma desfilou com uma coleira no pescoço bordada com o nome Eike. Sem samba ou folia, ele também mostra que tem dona: em sua sala de trabalho, com vista para a Baía de Guanabara, vive cercado por 15 fotos da mulher, algumas com declarações de amor.
Eike Batista se escora na educação européia que recebeu dos 12 aos 21 anos, quando estudou na Alemanha, para justificar a cumplicidade com a mulher. Outro alicerce é a confiança na fidelidade. A parceria parece ser de 100%. Ao ser perguntado como reagiu ao ver nos jornais a foto em que a esposa é flagrada com calcinha transparente num ensaio de escola de samba, ele respondeu: “Eu disse a ela: nos pegaram de novo.” A parceria só não deu certo na Clarity, empresa de cosméticos vendida no ano passado com prejuízo.
As outras tacadas somam sucessos invejáveis. Ou melhor, multiplicam – para usar um símbolo que ele adora, o xis, presente nas siglas da holding: EBX (encomendas expressas), TVX (mineração), MPX (energia). Ao contrário do pai, Eliezer, Eike tem um perfil de risco nos negócios, tal e qual nos esportes. Foi praticante de off-shore (corrida em lanchas de alta velocidade), coroado campeão brasileiro, americano e mundial entre 1990 e 1991. Começou a carreira na década de 80 se aventurando pela Floresta Amazônica em busca de ouro. Audácia pequena se comparada à iniciativa, há quase 12 anos, de desmarcar o casamento com Patrícia Leal (hoje senhora Antenor Mayrink Veiga) uma semana antes da cerimônia. Compatível com a personalidade brincalhona, ele adotou uma maneira engraçada de começar as palestras e apresentações Brasil afora. Diz: “Muito prazer, sou Eike Batista, marido da Luma de Oliveira.”
Acho que sim. No esporte, eu queria ganhar um título internacional e ganhei. Tenho carreira profissional bem-sucedida. Meus sucessos se sobrepõem aos fracassos. A Clarity não funcionou, mas faz parte da vida do empresário. Minha família é maravilhosa, sou marido da Luma e meus filhos têm saúde, são bonitos.
Eu falo assim: “Ih, Luma, nos pegaram de novo!” Somos parceiros em tudo. Só me preocupo com meus filhos, com o que poderão ouvir no colégio. Mas eles têm cuca fresca, é uma geração nova. Não há problema.
Não dou a mínima. Não devo nada para quem comenta. Luma põe limite nas coisas, é perfeito. Se alguém passa do limite, ela não deixa chegar perto. Naquela foto antes do Carnaval, em que a fotografaram por baixo, passaram do limite dela. Ela tem dois filhos e é casada. Talvez pela minha educação européia, não tenho essa coisa do “não pode, não deixo.” Luma mostra o que é bonito. Não há nada de vulgar no que ela faz. A queixa foi para a Justiça para marcar o que aconteceu. Mas ela só quer que o fotógrafo se desculpe.
Não é verdade. Aquela foto da calcinha tem um toque de maldade. Você pode pegar qualquer mulher de minissaia e fotografar por baixo, entendeu? Ela estava no chão, não estava num palanque se expondo. O ensaio nu na Playboy é diferente. A Luma ali estava mostrando suas partes bonitas sem vulgaridade. É preciso ter sensibilidade para entender a linha fina que separa as duas situações. Fora o fato de que o ensaio foi uma decisão dela, foi paga para isso e fez um contrato com poder para vetar fotos.
Não sou de brigar. Já ouvi coisas, mas entra aqui e sai aqui (diz, apontando os ouvidos).
Acontece, sempre existe hostilidade, inveja, mas nenhum grande problema. Nos encontramos semanalmente na casa do meu pai. Obviamente, acontecem incidentes. Mas eu me dou bem com praticamente todos os meus irmãos. Todos são inteligentes, refinados. O maior patrimônio que meu pai nos deu foi a educação.
Queremos ser um grande investidor de energia no Brasil. Começamos com a termelétrica MPX, no Ceará, que será inaugurada em 15 de abril. Tem capacidade para produzir de 220 a 270 megawatts. É um negócio de US$ 120 milhões. Como os concorrentes gigantes americanos saíram fora, não vejo ninguém muito forte em termelétrica no Brasil. Estão dizendo que o racionamento acabou, mas se o Brasil engatar o crescimento não tem energia.
Saí do Rio com 12 anos e passei dez na Europa. Na faculdade, iniciei comércio informal de diamante e ouro. Eu trazia compradores da Antuérpia (Bélgica) e de Portugal para o Brasil e recebia comissões entre 3% a 5%. Depois, montei a maior rede de compra de ouro em
alta floresta com US$ 500 mil emprestados que consegui com uns amigos judeus no Rio, na confiança. Eu comprava lá, fundia e vendia
para eles no Rio.
Isso não. Meu pai, como engenheiro da Vale, se aposentou com US$ 8 mil e somos sete filhos. Além do mais, a regra era nunca deixar qualquer um de nós chegar perto do que ele fazia.
Tem. Nesses últimos anos o País privatizou o setor telefônico, que deu injeção de eficiência na economia. O cara que me vende coco disse que o telefone celular o ajuda a comprar gelo e a atender os clientes, que fazem encomendas grandes e passam de carro para pegar. Isso aumentou o negócio dele. Imagine o que o telefone não fez na economia como um todo? Em 1991, eu estava quase saindo do Brasil, achando que isso aqui ia se africanizar. Agora, sei que não.
Ficou tudo mais eficiente, por isso aumentou o desemprego. Você produz a mesma coisa com menos gente. A curva do crescimento demográfico está decrescendo, mas o mercado de consumo é extraordinário. Se você explicar para um estrangeiro que este país cresce a 2% com 19% de taxa de juro, ninguém entende. Só por aí se vê que economia fantástica é a nossa. O endividamento per capita é um décimo do americano. Se ganhar um presidente que a banca nacional e a internacional aceitem, a taxa de juros cai de 19% para 12% em três meses.
Ainda estamos pagando a conta. Paga-se um preço caro quando se cria moratória e todas essas coisas do passado, a
safadeza que tinha na política.
Votei nele nas duas eleições. Agora é Roseana, Serra, gente que mantenha essa linha. Lula seria um retrocesso. Com ele o dinheiro não vem e ele ainda tem idéias retrógradas que não funcionam – como não pagar a dívida. No Brasil, nos últimos anos, muita gente foi para a berlinda, como os senadores, o Antônio Carlos Magalhães. Isso é maravilhoso. Sou da geração de tolerância zero. Se vier alguém com intenção de me extorquir, eu denuncio o cara
Não. Somos apolíticos. Não fazemos doações.
Visito, mas a Luma vai muito mais. Ela até comemorou aniversário lá. Gosto de ir porque tem uma energia muito boa. É o único projeto em que atuo diretamente. Luma faz mais, ajuda a Apae de Búzios, de Niterói.
Eu adoro. Nas minhas apresentações falo logo: “Muito prazer, sou Eike Batista, marido da Luma de Oliveira.”
Não tô nem aí.
Luma, Luma e Luma.
Se você acha sua alma gêmea, existe um respeito mútuo. Ela me admira pelas coisas malucas que eu faço e eu a admiro pelo que ela faz no mundo dela. É um jogo muito legal, um equilíbrio de indivíduos. Quando há inveja, a relação desanda. O segredo é ter paciência, ouvir muito, entender muito. Eu sinto que os homens não ouvem as mulheres. Por mais banal ou bobo que seja dito, é preciso ouvir sem querer dar conselho, sem se intrometer. Até porque a mulher vai fazer mesmo o que quiser. Eu sinto isso com a Luma. Dar ouvido e atenção vale mais do que qualquer coisa. Mas realmente nós homens somos de Marte e as mulheres, de Vênus. A lógica é diferente mesmo.
Sou orgulhoso. No Sambódromo, tenho orgulho. Ciúme não tenho porque a Luma não dá espaço. Quando um cara vem dar um beijo, ela
se vira discretamente, dá pra notar que tem uma estratégia de limite.
Ela é um pouco. Não acho que seja assediado porque também faço o mesmo jogo que ela. Não deixo espaço, senão dá merda. Nossa vida é em casa com os filhos. A Luma faz o trabalho dela, eu faço os meus, a gente se diverte entre a gente, tá de bom tamanho. Talvez
isso é que seja difícil de entender, a simplicidade que há em tudo.
Foi idéia dela e eu adorei. Foi uma grande surpresa. Isso é tipicamente ela. Eu estava viajando e levei o maior susto.
verdade. Fiz isso para ver se ela tirava isso da cabeça, mas no fundo, quando você ama uma pessoa, tem de deixá-la fazer o que gosta. Fiz isso até para medir se tinha pensado direito no que estava fazendo.
Fidelidade é muito importante. E só existe um conceito de fidelidade.
Sexo é muito, muitíssimo importante.