Assista ao trailer :

THUMBS_FELICIDADE_255.jpg

 

 

img.jpg
CASAL COSMOPOLITA
Bruna e Riccelli vivem entre São Paulo e
Los Angeles, onde fizeram o primeiro filme em dupla

O casamento de mais de três décadas de Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli extrapola os limites domésticos: há tempos eles levaram essa união também para o campo profissional e agora assinam juntos mais um filme, “Onde Está a Felicidade?”, que estreia na sexta-feira 19. Dirigido por Riccelli e estrelado e roteirizado por Bruna, a produção é ainda mais familiar ao contar com Kim Riccelli, filho do casal, como diretor-assistente. Essa harmonia da vida real, no entanto, não está presente no enredo, que se passa entre a Espanha e o Brasil. A protagonista Teodora, âncora de um programa de culinária afrodisíaca, vive insatisfeita com a vida conjugal. Como acaba de ser demitida, decide largar tudo e fazer o Caminho de Santiago de Compostela. “Escolhi essa locação porque ela representa muito bem a ideia de transformação, de rito de passagem. E é um caminho aberto, não tem ligação com nenhuma religião, ele está lá para você vencer obstáculos”, diz Bruna, que interpreta a personagem.

Na trama, a espiritualidade das localizações contrasta com a falta de desapego de Teodora e seus companheiros de viagem. Carregados de bagagem supérflua e enfiados em roupas extravagantes, acabam transformando o percurso em uma grande comédia com ares de road movie: “Meu desejo foi fazer um filme para que as pessoas saíssem leves do cinema”, diz Bruna. Exatamente o que não aconteceu com a obra anterior do casal, “O Signo da Cidade”, de 2008, cuja história densa sobre a opressão da cidade grande deixava os espectadores tensos. “Quero fazê-los rir desta vez”, diz a atriz. Mantém-se, contudo, a forma como a dupla faz da paisagem elemento crucial do enredo. Se em “O Signo” a cidade de São Paulo teve grande influência nos personagens, em “Onde Está a Felicidade?” a experiência urbana aparece internalizada e em confronto com o mundo espiritual de Santiago de Compostela. “Levar a vivência contemporânea para o Caminho faz com que esses personagens busquem a espiritualidade de uma maneira controversa”, afirma Bruna.

img1.jpg

Foram ao todo dois anos de dedicação. O que era, a princípio, um pequeno projeto foi tomando forma ao contar com os recursos de uma coprodução espanhola. Bruna e Riccelli já haviam feito uma etapa do Caminho antes de filmar, mas ela considera ter percorrido uma distância bem maior na busca pelas locações ideais: “O filme valeu como cinco percursos. Durante as filmagens, com toda a equipe numa caravana, a mente já era outra.” O ímpeto aventureiro dos artistas e técnicos contrasta com os cuidados de produção, perceptíveis nos mínimos detalhes. Os figurinos, por exemplo, marcados por estampas extravagantes e combinações curiosas, remetem ao estilo kitsch da primeira fase do diretor espanhol Pedro Almodóvar. “Foi bom levar ao filme essa coisa meio anacrônica de mala de roupa, tipo de vestido, para mostrar quase um desconforto, algo que seja contrário à adaptabilidade”, diz Bruna, satisfeita com o trabalho da figurinista Andrea Simonette, que não teve medo de “criar asas e voar”.

Esse sentimento também preside o ritmo criativo do casal, que espanta a rotina e a mesmice para conviver e trabalhar juntos – entre Los Angeles e São Paulo eles absorvem o que há de melhor nessas duas cidades. Quando não estão em casa, seja no Brasil, seja na Califórnia – onde residem há dez anos –, o programa preferido é, claro, o cinema. “Ao se pensar em Los Angeles, a tendência normal é imaginar Hollywood. Mas a cidade é uma meca do cinema diversificado e nesse tempo a gente acabou participando de filmes pequenos e independentes. O indie movie é muito forte lá”, afirma Bruna, que traz o cinema no sangue. Ela é filha do cineasta italiano Ugo Lombardi.

g.jpg