15/01/2003 - 10:00
Deus e o diabo na terra do sol (Versátil Home Vídeo) – Grandes filmes não envelhecem, como é o caso desta obra-prima de Glauber Rocha, realizada em 1964, pouco antes de o País mergulhar no escuro total da ditadura. Filme-marco do cinema novo, Deus e o diabo usa a estrutura do cordel e a grandiosidade operística para narrar o destino trágico e errante do vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey) pelos confins do sertão baiano. Depois de se tornar um seguidor do beato Sebastião (Lídio Silva), o vaqueiro se alinha ao bando de Corisco (Othon Bastos). O ator ainda causa arrepios com sua interpretação magnífica do cangaceiro que veio para desarrumar o arrumado, derramando sangue para não ver ninguém morrer de fome. Não bastasse a beleza da cópia restaurada e remasterizada, que abre com pompa a Coleção Glauber Rocha, a caprichada edição dupla traz três horas de extras com trailer, desenhos, fotos, trilha sonora, documentos e ótimos depoimentos de membros da equipe e de pessoas próximas ao diretor. (Ivan Claudio)
Assista até o fim
MÚSICA
Todo Caetano (Universal Music) – Se você só conhece o Caetano
Veloso pop star, cantor de sucessos radiofônicos, intérprete singular
de boleros eternos ou compositor da inevitável Sampa, vale a pena gastar cerca de R$ 1 mil para ouvir toda a fabulosa obra do baiano registrada nesta caixa com 40 CDs. É a segunda vez que sua gravadora faz um lançamento do gênero. A diferença em relação à primeira caixa, de 1996, é que esta – um projeto do titã Charles Gavin, com produção
de Manuel Berenbein – traz os discos com todas as suas capas originais, mesmo os que saíram no formato LP. Além de completíssima, a coleção, que cobre desde 1966 até 2002, ainda apresenta três discos especiais:
o inédito Bicho baile show – gravação ao vivo com a banda Black Rio, realizada nos anos 70 –; uma coletânea de singles com raridades como Yes, nós temos bananas; e um DVD-áudio, reunindo 14 sucessos escolhidos pelos fãs. Ouvindo disco a disco, pode-se perceber com clareza a evolução do artista e sua natureza para antecipar ou criar novas sonoridades, novas linguagens poéticas, numa obra que há
muito ficou para a posteridade. (Apoenan Rodrigues)
Ouça sem parar
Vale a pena