Deus e o diabo na terra do sol (Versátil Home Vídeo) – Grandes filmes não envelhecem, como é o caso desta obra-prima de Glauber Rocha, realizada em 1964, pouco antes de o País mergulhar no escuro total da ditadura. Filme-marco do cinema novo, Deus e o diabo usa a estrutura do cordel e a grandiosidade operística para narrar o destino trágico e errante do vaqueiro Manuel (Geraldo Del Rey) pelos confins do sertão baiano. Depois de se tornar um seguidor do beato Sebastião (Lídio Silva), o vaqueiro se alinha ao bando de Corisco (Othon Bastos). O ator ainda causa arrepios com sua interpretação magnífica do cangaceiro que veio para desarrumar o arrumado, derramando sangue para não ver ninguém morrer de fome. Não bastasse a beleza da cópia restaurada e remasterizada, que abre com pompa a Coleção Glauber Rocha, a caprichada edição dupla traz três horas de extras com trailer, desenhos, fotos, trilha sonora, documentos e ótimos depoimentos de membros da equipe e de pessoas próximas ao diretor. (Ivan Claudio)
Assista até o fim

MÚSICA

Todo Caetano (Universal Music) – Se você só conhece o Caetano
Veloso pop star, cantor de sucessos radiofônicos, intérprete singular
de boleros eternos ou compositor da inevitável Sampa, vale a pena gastar cerca de R$ 1 mil para ouvir toda a fabulosa obra do baiano registrada nesta caixa com 40 CDs. É a segunda vez que sua gravadora faz um lançamento do gênero. A diferença em relação à primeira caixa, de 1996, é que esta – um projeto do titã Charles Gavin, com produção
de Manuel Berenbein – traz os discos com todas as suas capas originais, mesmo os que saíram no formato LP. Além de completíssima, a coleção, que cobre desde 1966 até 2002, ainda apresenta três discos especiais:
o inédito Bicho baile show – gravação ao vivo com a banda Black Rio, realizada nos anos 70 –; uma coletânea de singles com raridades como Yes, nós temos bananas; e um DVD-áudio, reunindo 14 sucessos escolhidos pelos fãs. Ouvindo disco a disco, pode-se perceber com clareza a evolução do artista e sua natureza para antecipar ou criar novas sonoridades, novas linguagens poéticas, numa obra que há
muito ficou para a posteridade. (Apoenan Rodrigues)
Ouça sem parar

 

CINEMA
Planeta tesouro (cartaz nacional) – Para a milionária indústria cinematográfica, uma arrecadação de US$ 24 milhões não é nada. Principalmente considerando-se que este novo desenho animado da Disney custou US$ 140 milhões. Muitos atribuem o fracasso à má escolha na data de lançamento nos Estados Unidos, justamente quando estreava o blockbuster Harry Potter e a câmara secreta. Mas muito se fala também do visual datado dos tradicionais estúdios se comparado às estripulias digitais de Shrek, da concorrente DreamWorks. Não é bem assim. Está certo que a adaptação do romance de aventura A ilha do tesouro, do escocês Robert Louis Stevenson, agora um épico sideral, está longe da beleza e da sensibilidade de Rei Leão, sucesso histórico da Disney. Mas o desenho animado cujo protagonista é o adolescente Jim Hawkins, inteligente, solitário e rebelde, não chega a decepcionar. Em sua caça espacial ao tesouro, ele faz amizade com o duvidoso ciborgue Silver, escapa de piratas intergaláticos e enfrenta explosões estelares até, como sempre, encontrar sua grandeza interior. É desenho da Disney. É diversão sem compromisso. (Apoenan Rodrigues)
Vale a pena