Um homem sem nome ou profissão, nitidamente sofisticado e bem resolvido financeiramente, entrega seu coração vagabundo à sanha daqueles que pensava serem suas presas. Ou seja, às mulheres, à família, ao mundo. Este é o cerne de Lisboa (Francis, 104 págs., R$ 26), uma novela noir, livro de estréia do fotógrafo catalão radicado no Brasil J.R. Duran, primeiro volume de uma trilogia. O lançamento integra o pacote de 11 títulos da primeira fornada da editora W11 – fundada pelo jornalista e editor Wagner Carelli e pela jornalista e escritora Sonia Nolasco –, que conta com quatro selos, entre eles o citado Francis, uma homenagem ao grande jornalista
Paulo Francis, com quem Sonia foi casada por 23 anos.

Com o nome frequentemente associado ao glamour e à elegância de
belas mulheres, Duran não teve pudor de dotar seu personagem de acessórios identificados com sua própria imagem. O “ele” do escritor estreante surfa por um mar de etiquetas, rótulos e nomes ligados ao que se convencionou chamar estilo. Assim, desfilam perfumes, carros e canetas. Entre uma marca e outra, “ele” displicentemente cita Al Pacino, Botero, Wim Wenders, Fernando Pessoa, James Joyce, Woody Allen ou Jean-Luc Godard enquanto flana por Lisboa, Roma, Barcelona, Nova York, Jerusalém e Los Angeles. O leitor quase se sufoca na torrente pop consumista, mas ao final se vê envolvido com a busca interior desse homem que enreda lembranças, sentimentos camuflados e desvarios.