05/08/2011 - 11:44
O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, afirmou nesta sexta-feira que os acordos previstos para enfrentar a crise da dívida na zona do euro poderão ser aplicados em "semanas, não em meses", em uma tentativa de acalmar a tempestade que sacode os mercados. Segundo ele, os temores atuais não são justificados por fundamentos econômicos.
"Estou certo de que quando os investidores entederem todo o trabalho sendo feito, eles retomarão a segurança", afirmou Rehn, segundo a BBC News. As instituições europeias trabalham "dia e noite" para aplicar os acordos da reunião de cúpula de 21 de julho – na qual se acordou redobrar a ajuda à Grécia e o reforço do fundo de resgate para a Eurozona -, com o objetivo de finalizar em "semanas, não em meses", disse o comissário.
As bolsas de valores mundiais caíam pelo oitavo dia seguido nesta sexta-feira, ainda abatidas por preocupações sobre a saúde da economia e sobre um eventual contágio da crise de dívida europeia para Itália e Espanha. Os preços do petróleo e dos metais caíam, conforme os investidores buscavam ativos mais seguros. Os mercados aguardavam dados de emprego nos Estados Unidos, uma importante medida dos problemas da economia do país.
China e Japão pediram uma cooperação global e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, deve discutir a turbulência dos mercados com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero. Na véspera, o Banco Central Europeu (BCE) decepcionou os mercados ao comprar bônus dos governos de Portugal e Irlanda, mas não de Itália e Espanha.
Entenda
No auge da crise de crédito, que se agravou em 2008, a saúde financeira dos bancos no mundo inteiro foi colocada à prova. Os problemas em operações de financiamento imobiliário nos Estados Unidos geraram bilhões em perdas e o sistema bancário não encontrou mais onde emprestar dinheiro. Sem financiamento, a economia não tem como avançar e, para diminuir os efeitos da recessão, os países aumentaram os gastos públicos, ampliando as dívidas além dos tetos nacionais.
Mas o estímulo não foi suficiente para elevar o crescimento dos Produtos Internos Brutos (PIB) a ponto de garantir o pagamento das contas. A primeira a entrar em colapso foi a Grécia, cuja dívida pública alcançou 340,227 bilhões de euros em 2010, o que corresponde a 148,6% do PIB. Com a luz amarela acesa, as economias de outros países da região foram inspecionadas mais rigorosamente. Portugal e Irlanda chamaram atenção por conta da fragilidade econômica. No entanto, o fraco crescimento econômico e o aumento da dívida pública na região já atingem grandes economias, como Itália e Espanha.
Um fundo de ajuda foi criado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Central Europeu (BCE), com influência da Alemanha, país da região com maior solidez econômica. Contudo, para ter acesso aos pacotes de resgates, as nações precisaam se adaptar a rígidas condições impostas pelo FMI. A Grécia foi a primeira a aceitar e viu em suas ruas grandes manifestações contra os cortes de empregos públicos, programas sociais e aumentos de impostos.