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CRIME
Al-Assad ordenou e tanques atacaram a cidade de Hama, matando mais de 70 civis

Após quase cinco meses de protestos, 1,7 mil civis mortos, mais de dez mil manifestantes presos e o esboço de uma guerra civil sangrenta, a comunidade internacional finalmente deu demonstrações de que não pretende se manter omissa aos desmandos do didator da Síria, Bashar al-Assad. Até o Brasil, que vinha se negando a censurar a feroz repressão de Assad aos manifestantes sírios, reviu sua incômoda posição. De maneira coordenada, ONU, União Europeia e Estados Unidos deram sinais de que não permitirão um massacre da população civil. Nenhum deles, no entanto, anunciou medidas militares, como as que foram impostas à Líbia.

A resposta da comunidade internacional foi motivada pelo sangrento ataque de tropas militares à cidade de Hama no domingo 31, quando tanques do Exército e franco-atiradores ocuparam o local, provocando a morte de pelo menos 70 pessoas. Segundo relatos de ativistas, coletados por agências internacionais, o abastecimento de água e os serviços de eletricidade e comunicação foram interrompidos e jornalistas internacionais estão proibidos de entrar na cidade. Teme-se, com esse cenário, que Hama e sua praça Assi, que tem centralizado os protestos pró-democracia na Síria, revejam as cenas do massacre de 1982, quando cerca de dez mil rebeldes foram mortos na cidade pelas tropas de Hafez al-Assad, pai do atual presidente.

Para tentar evitar destino semelhante aos oposicionistas de Bashar, na quinta-feira 4 os Estados Unidos endureceram as medidas contra o país, seguindo os passos da União Europeia, que, na segunda-feira 1º, ampliara suas sanções (leia quadro). Arinc Bulent, vice-primeiro-ministro da Turquia, país aliado do governo sírio, classificou a situação de Hama como uma “atrocidade”. No Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, manteve posição contrária à adoção de sanções e intervenções, mas defendeu uma “resposta consensual” para pôr fim à crise e classificou como “a melhor manifestação possível neste momento” a medida tomada pela ONU. Os levantes na Síria dão novo fôlego à “Primavera Árabe” na mesma semana em que Hosni Mubarak, principal ditador deposto pelo movimento, começou a ser julgado pelos crimes contra os direitos humanos no Egito. 

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