04/08/2011 - 21:09
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, entregou na noite de hoje uma carta de demissão à presidente Dilma Rousseff, em reunião no Palácio do Planalto. Segundo informou o Palácio do Planalto, o encontro entre Jobim e Dilma foi rápido e durou apenas cinco minutos.
Dilma convidou o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim para o cargo, que aceitou ocupar a pasta. Jobim era ministro desde 2007 e foi presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Indicado ao cargo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Jobim estava enfrequecido politicamente após fazer uma série de críticas ao membros do governo de Dilma.
Jobim caiu após declarações dadas à revista Piauí, que irá às bancas nesta sexta-feira, mas antecipadas pelo jornal Folha de S.Paulo. Na entrevista, Jobim teria considerado a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, "muito fraquinha", e dito que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, "sequer conhece Brasília". Jobim negou ter feito as críticas e disse que as informações seriam "parte de um jogo de intrigas".
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), minimizou a declaração de Jobim, dizendo que a articuladora política do governo, Ideli Salvatti, "é até bem gordinha, não é bem fraquinha". Depois de reunir-se com Ideli, o líder do PR na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela (MG), disse que a ministra "brincou" em relação ao que disse Sarney, "que o presidente Sarney quis dizer que ela estava ‘fortinha’, não gordinha". Segundo o deputado, Ideli "não teceu nenhum comentário sobre o ministro Jobim", durante a reunião. "Relevou isso e está seguindo em frente."
Na última semana, outra declaração de Jobim à imprensa gerou mal-estar no governo. Em entrevista, ele declarou seu voto no tucano José Serra nas eleições presidenciais do ano passado. A série de frases polêmicas, contudo, começou no início de julho, em uma cerimônia em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Senado Federal. Ao discursar, ele citou o dramaturgo Nelson Rodrigues, dizendo que "os idiotas perderam a modéstia". A fala foi interpretada como uma insatisfação do ministro com sua situação no governo. Mais tarde, contudo, ele disse que se referia a jornalistas.