Assista ao vídeo em que a repórter Monique Oliveira ressalta trechos curiosos do livro , como os que registram a entrada de drogas e material pornográfico na mina:

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NO LIMITE
Uma suposta “visão do demônio” e a possibilidade
de canibalismo compuseram o cenário de horror

Sexta-feira 5 de agosto foi dia de comemorações no Chile. Faz exatamente um ano que 33 homens se viram soterrados a 700 metros de profundidade em um ponto perdido do deserto do Atacama, no norte do país. Eles seriam, 69 dias depois, protagonistas de um dos resgates mais bem-sucedidos da história da humanidade – nunca antes um grupo fora resgatado de local tão profundo. A espera por ajuda acabou se transformando em uma história de superação que agora é contada pela primeira vez no livro “Os 33 – A Milagrosa Sobrevivência e o Dramático Resgate dos Mineiros no Chile” (Nova Fronteira). Como ocorre em relação a tantas tragédias, é correto supor que muitas obras, tanto livros como filmes, virão daqui para a frente relatar o soterramento dos mineiros. Para ser o pioneiro nesse caminho, o autor Jonathan Franklin, jornalista do “The Guardian” e do “The Washington Post”, realizou 75 entrevistas com mineiros, familiares, equipe de resgate e até com o presidente chileno, Sebastián Piñera – que no dia do resgate conseguiu fazer-se fotografar e filmar em todos os momentos numa clara exploração política da tragédia.

Ao longo de 288 páginas, o autor mostra como esses homens encararam não só o inevitável medo da morte: ali, soterrados, a única opção que tinham era a de se unirem. Franklin não se atém, no entanto, apenas aos fatos ocorridos na mina. Ele ­de­nuncia que as condições de trabalho eram tão precárias na mina San José que, mais cedo ou mais tarde, o desabamento iria ocorrer.“Os mineiros eram vítimas muito antes do acidente”, diz o autor. “Não era à toa que todos os dias de trabalho começavam com uma oração coletiva.”

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Quando uma pedra obstruiu a saída da mina, os seus trabalhadores, considerados “homens durões”, viram-se diante do desafio de ­dividir, por igual, dez litros de água, uma lata de pêssegos, duas de pera, uma de salmão, 20 latas de atum e 16 litros de leite. Lutas inimagináveis foram travadas, não entre os soterrados, mas, entre essas vítimas e as alucinações produzidas pelo desespero, isso sim. “Ele ia até lá, e todos os pelos do meu corpo ficavam eriçados”, diz o líder Mario Sepúlveda, sobre o que acredita ter sido o seu encontro noturno com o “demônio em pessoa”.

Franklin foi um dos poucos a receber o aval da Associação Chilena de Segurança para assistir de perto aos preparativos da operação de resgate. Com certeza, nesse momento, ser o pioneiro a contar toda essa história em livro era algo que já se fixara em sua mente.

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