05/08/2011 - 21:00
ELAS E ELE
Zé Pedro e suas artistas: a escolha é feita a partir do que o DJ ouvia na juventude
"O Brasil é um país de cantoras." Essa é a opinião do pesquisador musical e DJ de desfiles de moda Zé Pedro, e dele é impossível discordar se pensarmos na grande quantidade de novos nomes que surgem frequentemente. Tiê, Céu, Lulina, Luísa Maita, Blubell e Ana Cañas são apenas parte de um universo que transborda opções de vozes femininas.
Zé Pedro é proprietário da gravadora Joia Moderna. Mas, ao invés de lançar jovens talentos, prefere remar contra a maré e se dedica a resgatar intérpretes mulheres que por algum motivo caíram no esquecimento. "Minha impressão é de que no País sempre tem cinco cantoras que ficam no mercado durante dez anos. Depois, surgem mais cinco", diz ele, que resolveu ser diretor artístico ao perceber que a maioria das cantoras que admirava já não encontrava espaço para gravar. O pacote inclui Zezé Motta, Leny Andrade, Cida Moreira ("um disco que esgotou em 15 dias") e Silvia Maria, cuja última aparição em estúdio havia sido em 1980. "Meu trabalho não é caridade. A questão é que elas merecem estar no mercado, de onde nunca deveriam ter saído", diz Zé Pedro.
O xodó mais recente da gravadora é o CD "O Senhor do Tempo", de Claudia, que, no auge do sucesso, foi comparada a Elis Regina – mas houve uma desavença.
"O Ronaldo Bôscoli quis chamar meu espetáculo de ‘Quem tem medo de Elis Regina?’. Mesmo eu negando e o show não acontecendo, a Elis ficou sabendo", disse Claudia à ISTOÉ. Após ser desafiada no programa "Fino da Bossa", de Elis, ela perdeu espaço na mídia. Saiu do País para fazer fama no Japão e colecionou vitórias em festivais, sendo até hoje a cantora mais premiada fora do Brasil – e querida, até por quem não é de fazer muitas amizades. "Após o 2º Festival de la Canción Latina, no México, encontrei com o João Gilberto e, mesmo cansada, ele me obrigou a jogar pingue-pongue a noite toda com ele. Ele é viciado nisso e joga muito bem", diz ela.
Essas vozes agora podem ser ouvidas novamente no País das cantoras.
E em material inédito.
