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O termo diatribe aplica-se a um texto satírico. Mas a possibilidade de se fazer uma diatribe não reside apenas no uso das palavras. No Renascimento, os flamengos Hieronymus Bosch e Pieter Bruegel (O Velho) construíram genuínas diatribes por meio de suas pinturas. Através de metáforas visuais, eles criticavam a sociedade e os costumes da época em que viviam. Hoje, o artista pernambucano Bruno Vieira realiza um resgate dessa tradição na exposição “Das Jangadas e Outras Diatribes”. Assim como as imagens oníricas de Bosch e Bruegel foram muito além da sátira, revelando camadas simbólicas do inconsciente coletivo daquele período, Vieira utiliza as imagens populares da cultura nordestina para fazer sua própria diatribe em relação aos ideais estabelecidos ao longo da história da arte ocidental.

Exemplo entre os trabalhos apresentados é a imagem “Jangada da Medusa” (foto), retirada de um vídeo desenvolvido durante residência realizada na Fundação Joaquim Nabuco, em 2010. “O arquétipo da barca aparece em textos da psicologia como figura para as flutuações emocionais. Está na “Bíblia” com Noé e na mitologia grega com a barca da Medusa”, diz o artista, que realiza sua leitura utilizando a jangada e o burro, ícones da cultura popular brasileira. Outros trabalhos do artista também poderão ser vistos em São Paulo a partir de 27 de agosto, dentro do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, e em novembro em uma individual na Galeria Zipper.