1.500 por dia. 60 por hora. 1 por minuto. 5 vidas brasileiras ter-se-ão extinto por causa da pandemia ainda antes de você terminar de ler este texto. E a segunda vaga está apenas começando.

Quando 15 Estados da União começam a entender que não tem como escapar à nova escalada da doença e tomam medidas muito restritivas de confinamento, alguns entrando mesmo em lockdown, o Presidente Bolsonaro inicia uma visita a várias cidades, já ensaiando forças para uma campanha eleitoral que se adivinha e a mais longa e dura da nossa história.

1500 por dia. 60 por hora. 1 por minuto. Apesar de o Brasil registrar número record de mortes pela Covid-19 em um único dia — 1.582 — o presidente, alheio (ou ciente?!) do que acontece à sua volta, voltou a pedir o retorno à normalidade no País.

Pensando apenas no seu proveito próprio ele fica incentivando a irresponsabilidade, aproveitando a ignorância, desafiando o bom senso e, quem sabe, cometendo o maior crime possível contra o povo que ele mesmo jurou proteger.

1500 por dia. 60 por hora. 1 por minuto. É verdade que o povo precisa trabalhar — como ele diz — mas para o povo poder trabalhar, ele precisa estar vivo. Defuntos não levantarão a economia. Nem votarão nele.

No mesmo momento em que a insuspeita Fio Cruz avalia o momento atual como “o pior de toda a pandemia”, o presidente continua desovando impropérios contra todos aqueles que defendem o confinamento como a única forma de parar a progressão da doença num país de dimensão continental, assimétrico, e onde até nos hospitais privados as UTI’s começam a desaparecer.

1500 por dia. 60 por hora. 1 por minuto. Quando ninguém sabe qual a real eficácia das vacinas, nem se consegue antecipar quantas mutações mais terá o vírus, incentivar a desobediência às medidas de confinamento e questionar a eficácia do uso de máscara é, realmente, um “absurdo atroz”.

Mesmo na Europa, onde o sistema de saúde pública é mais organizado e eficiente e as assimetrias sociais muito menores, todos os governos adotaram um confinamento severo para conter a multiplicação das infeções o colapso do sistema.

1500 por dia. 60 por hora. 1 por minuto. Quando todos estão distraídos, pela dor ou pelo fanatismo, a mais longa campanha eleitoral está se pondo em marcha. Indiferente à dor, alimentando as polêmicas, buscando a reeleição, Bolsonaro vai colocando homens da sua confiança — muitos deles generais — na Petrobras, na Enem e em todos os lugares que dependem da sua indicação direta.

Enquanto isso muitas vozes se calam para sempre: 1500 por dia. 60 por hora. 1 por minuto.