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A presidente Dilma Rousseff vai avaliar ao longo da manhã desta quinta-feira (4) se mantém ou não Nelson Jobim no cargo de ministro da Defesa. Em uma entrevista à Revista Piauí, Jobim chama o governo Dilma de "atrapalhado", diz que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é "fraquinha", e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília". Se a presidente decidir mesmo antecipar a demissão de Jobim, um dos nomes cotados é o do atual ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.

Por conta de outras declarações, Jobim já estava na lista dos auxiliares de Dilma que ela deve tirar do governo na primeira reforma ministerial, no final deste ano ou no início de 2012. Agora, com as novas declarações, a presidente pode decidir pela demissão imediata de Jobim, desistindo da ideia de não mexer no governo enquanto não assentar a poeira da base aliada levantada pela crise política no Ministério dos Transportes, no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e na estatal Valec.

O ministro viajou na noite dessa quarta-feira (3) para São Gabriel da Cachoeira (AM). Na manhã desta quinta, ele partiu para Tabatinga (AM), onde, ao lado do vice-presidente da República, Michel Temer, assina um plano de vigilância de fronteiras entre Brasil e Colômbia. Pela agenda oficial, Jobim deixa a base do Cachimbo (AM) às 20h30, devendo chegar a Brasília perto da meia-noite.

Em recente entrevista concedida ao programa "Poder e Política", da Folha de S. Paulo e UOL, Jobim criou incomodo no Planalto ao fazer questão de revelar que, nas eleições do ano passado, votou no candidato tucano José Serra, o adversário da candidata vencedora, Dilma Rousseff.

Líder do PMDB

Em entrevista ao Portal Terra, o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves, afirma que Nelson Jobim tem o direito de se posicionar, mas não sabe se a presidente irá ou não reconsiderar a permanência do ministro no cargo a partir de agora. "Teremos que aguardar. Será um critério dela e teremos que respeitar". 

Na última quarta-feira (3), a presidente Dilma teve uma conversa longa com Jobim. Foi a primeira vez em que os dois falaram a sós desde a repercussão da declaração de voto a José Serra (PSDB) pelo ministro à Folha de S. Paulo. Após pouco mais de uma hora de encontro no Palácio do Planalto, em que Dilma mostrou descontentamento com o episódio, mas não o afastou do cargo – pelo menos por enquanto -, Jobim seguiu para cumprir agenda ministerial no Amazonas, acompanhado do vice-presidente Michel Temer, seu companheiro de partido, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O líder do PMDB diz ainda que o PMDB respeita Jobim e suas posições. "Ele é um grande companheiro de partido, com muitas qualidades e grande liderança junto às Forças Armadas. Nós respeitamos todas as suas posições, inclusive o voto dele em José Serra (PSDB) nas últimas eleições presidenciais".