O assunto é do tempo da Cinderela. Mas parece ser atemporal a vocação para gerar acaloradas polêmicas e apaixonadas discussões. Na novela O clone, o conturbado romance vivido pela abastada Mel (Débora Falabella) e o pé-de-chinelo Xande (Marcelo Novaes) trouxe novamente à tona a eterna dicotomia rico x pobre. Na trama, a mãe da garota, Maysa (Daniela Escobar), faz o possível e o impossível para que o namoro da filha com o segurança não dê certo. A pressão familiar faz a moça se afundar na droga e na bebida. Na vida real, Débora acredita que o amor é capaz de superar as barreiras sociais. “Ele vence tudo”, diz a atriz. Mas o drama da novela das oito mostra que no início do século XXI o relacionamento entre pessoas de classes sociais distintas continua sendo tão complicado como há 100, 200 anos.

A apresentadora Ana Maria Braga e a princesa Stephanie de Mônaco mostraram que, apesar de todas as barreiras, o amor pode superar o abismo que separa contas bancárias, costumes, modos e educação. Ambas casaram-se com seus ex-seguranças. A beldade monegasca foi ainda mais longe. Atualmente, está nos braços do domador de elefantes e dono de circo Franco Knie. Qualquer semelhança com a história de Mel e Xande e Kevin Kostner e Whitney Houston no filme O guarda-costas não é mera coincidência.

A disposição de enfrentar tudo e todos foi o combustível que moveu a paixão dos bailarinos Wanderley Lopes, 38 anos, e Eleonora de Paula Soares Grecca, 43. Ele, um ex-órfão que desde os três anos perambulava por abrigos para menores em Curitiba. Ela, moça fina, que carrega dois dos mais tradicionais sobrenomes do Paraná, Grecca e Paula Soares. Rafael Grecca, ex-ministro do Turismo e do Desporto, é parente da moça. Ambos se conheceram há 20 anos, nas coxias do teatro Guaíra. No começo, o pai de Eleonora, um italiano nascido na Calábria, não podia nem ouvir falar em Wanderley. A origem e a vocação para o balé do rapaz causavam arrepios no velho calabrês. “A desconfiança era grande. Para ele, como um cara que não tinha sequer um teto e um chão poderia dar um futuro digno à sua filha? Hoje provei que trabalho e dedicação são muito mais importantes do que pedigree e títulos de nobreza”, diz Wanderley. Ele se apaixonou pelo balé aos 14 anos, quando viu pela tevê Momento de decisão e Quebra-Nozes, estreladas pelo bailarino russo Mikhail Baryshnikov. “Meu pai achava que um artista, ainda por cima bailarino, não teria condições de me proporcionar segurança e conforto. Com o tempo, ele viu que estava enganado. Hoje, ele e o Wanderley vão à missa juntos”, revela Eleonora. O casal tem uma filha, Isadora, de 14 anos.

A atriz e performer Malu Bailo teve mais sorte. Nascida em Peabiru, no interior do Paraná, sempre sonhou em viver um conto de fadas, mas nunca acreditou que fosse possível. Há quatro meses, ela se casou com o executivo holandês Peter Van Voors Vander. Presidente da cadeia de fast-food Bob’s, Vander e Malu formam um par insólito no meio empresarial. Ele, 50 anos, filho de família tradicional holandesa e pai pastor; ela, 33 anos, filha de agricultores humildes, superou a barreira da pobreza mudando-se para São Paulo. Foi na capital financeira do País que Malu ficou famosa, na década de 80, como a rainha do strip-tease. “Sempre achei que ele era areia demais para o meu caminhão”, brinca ela, que conheceu Vander há dez anos, mas sempre evitou um relacionamento mais íntimo. “Foi amor à primeira vista”, derrete-se o marido, afirmando que nunca considerou relevantes as diferenças entre eles. Os dois se casaram duas vezes: a primeira na Holanda, para que os pais do noivo conhecessem a moça, e a segunda no Rio de Janeiro numa festa para os amigos do casal. Atualmente, moram numa bela casa na Lagoa, zona sul do Rio.

Atributos – Pelo visto, um amor e uma choupana podem, sim, dar certo. Uma pesquisa recente realizada pelo psicólogo Aílton Amélio da Silva, da Universidade de São Paulo, mostrou que amor, confiabilidade, disposição para agradar, educação e inteligência são mais importantes do que a conta bancária. Autor do livro o Mapa do amor, Amélio da Silva estudou homens e mulheres para descobrir que fatores eles levavam em conta na hora de encontrar um parceiro. Para os homens, a boa perspectiva financeira e boa posição social ficaram, respectivamente, em 14º e 15º lugares numa lista com 18 itens. As mulheres colocaram a boa perspectiva financeira em 13º lugar e a boa posição social em 15º. Mas ele acredita que na prática a realidade é diferente. “As pessoas querem ser boazinhas no papel. O problema é que o dinheiro vem acompanhado de uma série de outras circunstâncias: grau educacional, cultura, desenvoltura, valores. Somados, esses fatores só evidenciam o preconceito e aumentam o abismo”, diz o psicólogo. De acordo com Amélio da Silva, quando escolhemos alguém levamos em conta mais de 100 atributos. Se o saldo no banco e as jóias na gaveta não forem os mais significativos…

Histórias reais

Escândalo na corte – Em 1936, o romance de Eduardo VIII, o duque de Windsor, com a plebéia americana Wally Simpson fez as estripulias do príncipe Charles parecerem meros arroubos juvenis. O duque abriu mão do trono para ficar com a amada.

Coragem – Casada há sete anos com seu ex-segurança, Carlos Madrulha, Ana Maria Braga nunca escondeu o parceiro. “Poderia ter feito do Carlos um empresário. Mas preferi apresentá-lo assim”, disse Ana Maria em entrevista a ISTOÉ Gente.

A princesa e o bad boy – A princesa da Noruega, Martha Louise, anunciou em dezembro o noivado com o escritor Ari Behn. Os súditos não parecem satisfeitos com a idéia de ter um rei que aparece num vídeo ao lado de prostitutas cheirando cocaína.

Alteza saidinha – Stephanie de Mônaco sempre deu muitas dores de cabeça ao pai,
o príncipe Rainier. De uns tempos para cá vem se envolvendo com tipos curiosos. O primeiro deles foi
o seu guarda-costas. Depois se apaixonou por um domador de elefantes e dono de circo.