Governo foge da guerra
A ordem do Palácio do Planalto aos seus líderes no Congresso, por
causa das eleições, é evitar a votação em plenário de temas polêmicos. Centrar fogo apenas naquilo que for absolutamente inadiável ou consensual. Por exemplo: há um certo consenso entre governo e oposição pela prorrogação da CPMF. Então tudo bem, vota-se. Com sorte, haverá consenso em alguns poucos projetos sobre segurança. Investem-se nestes e abandonam-se os mais difíceis. Tudo isso por quê? Porque o governo concluiu que, com a proximidade das eleições e o racha instaurado entre os partidos de sua base, qualquer projeto polêmico
será de alto risco. Ninguém sabe, por exemplo, como votará o PMDB.
E o PFL, de Roseana Sarney, não vai querer, de vez em quando, dar
uma rasteira na tucanada de José Serra? Pelo sim, pelo não, o melhor
é não arriscar. Fugir das votações difíceis e fazer o máximo de marketing em cima do que for aprovado.

Sinal de alerta
Uma pesquisa feita pelo Latinobarómetro, um instituto de pesquisa chileno especializado no desenvolvimento de estudos sobre democracia e civismo, traz um dado alarmante: apenas 3% dos brasileiros afirmam que confiam no próximo. Trata-se de um recorde latino-americano. O vice-recordista é a Guatemala, onde 12 de cada 100 pessoas respondem que é possível confiar nas pessoas em geral. No caso dos mexicanos, apesar do convívio recente com uma coleção de escândalos de corrupção, 37% acreditam no próximo. A pesquisa foi realizada em 17 países da América Latina entre abril e maio de 2001. Chamou a atenção do cientista político mineiro Fábio Wanderley Reis, que acha os dados sobre o Brasil perigosos para uma democracia. “Provavelmente são consequência da deterioração do tecido social, do aumento da criminalidade e da violência.”

O PFL de sempre
Nova forma. Em entrevista a ISTOÉ, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, havia declarado que o partido deixaria o governo assim que o PSDB lançasse José Serra como candidato a presidente. Ele continua defendendo essa tese. Mas sozinho dentro do PFL. Diante das pressões da bancada, Bornhausen agora apresenta uma nova versão: “Se o presidente Fernando Henrique fizer um apelo para continuarmos no governo, não posso deixar de levar essa proposta à Executiva.” Em outras palavras: o PFL permanecerá com seus cargos.

Bancada anti-Everardo
Como se sabe, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem um forte lobby no Congresso e no Executivo. Pois bem, numa pesquisa recente da entidade, a maior queixa dos 2,4 mil empresários ouvidos foi em relação à excessiva carga tributária. A reclamação constou de 91% das entrevistas. Pelo jeito, os empresários estão com alergia ao nome de Everardo Maciel, seja quem for o futuro presidente.

“Não acredito em Roseana. Ou ela fala
besteira ou foge do assunto’’

Do líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima,
revelando por que prefere uma aliança com o PSDB

Rápidas

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O marqueteiro Nizan Guanaes deixou a campanha de Roseana e ficou com o governo. Mas ainda não conseguiu se acertar com a campanha do tucano José Serra. E vice-versa.

O PFL espalha: só lançou Roseana porque descobriu um plano sórdido no governo. Usar verbas do FAT, da Funasa e do DNER para cooptar pefelistas para o PSDB, o PMDB e o PPB.

Os pefelistas acreditam que só ficarão fora do futuro governo se Lula (PT) for eleito. Todos os outros candidatos, incluindo Garotinho (PSB), procurarão o PFL se vencerem.


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