29/07/2011 - 11:51
Anders Behring Breivik, autor confesso dos ataques de 22 de julho na Noruega, foi levado para a sede da polícia de Oslo para um segundo interrogatório nesta sexta-feira (29), quando se completa uma semana do massacre que deixou 76 mortos no país. O norueguês de 32 anos, que disse estar em guerra contra o islamismo na Europa, será interrogado sobre as "muitas informações recebidas nos últimos dias", afirmou na quinta-feira durante uma coletiva de imprensa Paal-Fredrik Hjort, um dos responsáveis pelas investigações. Um comboio de veículos blindados da polícia acompanhou Breivik do cárcere de um presídio de alta segurança até a sede da polícia, informou um correspondente da AFP.
Dois psiquiatras noruegueses examinarão o atirador para determinar se ele é penalmente responsável por seus atos, anunciou nesta sexta-feira polícia. Os dois especialistas terão de apresentar um relatório antes de 1o. de novembro, segundo o promotor da polícia Paal Fredrik Hjort Kraby, falando à imprensa.
No último sábado, durante a primeira audiência do caso, Breivik confessou ser o autor do tiroteio que deixou 68 mortos em um acampamento de jovens do Partido Trabalhista na ilha de Utoya e também da explosão de um carro-bomba que fez oito vítimas na sede do Governo norueguês, na capital Oslo.
Breivik confessou os crimes, mas recusa a declarar-se culpado, uma vez que considera seus atos "cruéis, porém necessários", de acordo com seu advogado. Na segunda-feira ele foi preso provisoriamente por um período renovável de oito semanas.
Outros ataques
Breivik planejava outros ataques, indicou seu advogado, citado pelo jornal norueguês Aftenposten. "Ele tinha vários projetos de diferentes envergaduras", afirmou Geir Lippestad. "Aconteceram coisas nesse dia que não quero abordar e que fizeram com que os fatos transcorressem de forma diferente do que ele havia previsto", acrescentou, negando-se a dar maiores detalhes.
Paul Ray, o britânico mencionado por Anders Behring Breivik como seu mentor, denunciou nesta sexta-feira os ataques violentos do norueguês, os quais classificou de "verdadeiramente diabólicos". Em uma entrevista ao The Times, Paul Ray reconhece que pode ter sido a fonte de inspiração de Breivik, mas enfatizou que "o que ele fez é puramente diabólico". "Eu jamais poderia ter feito o que ele fez para realizar meus próprios ideais".
Ray, de 35 anos, militou no movimento ultradireitista English Defence League (EDL). Lidera agora o movimento Knights Templar, inspirado nas ações do cavaleiros medievais que lutavam contra o Islã, e tem um blog onde responde pelo nome de Ricado Coração de Leão, e foi mencionado no manifesto de 1.500 páginas que Behring Breivik postou na internet antes de cometer seus atentados.
"Agora estou envolvido como seu mentor", afirmou Paul Ray, que deixou a Grã-Bretanha e viajou para Malta depois de sua prisão por suposta incitação ao ódio racial em seu blog. Behring Breivik difundiu fotos nas quais aparece usando o uniforme dos Cavaleiros Templários e descreve Ray como seu mentor, a quem teria conhecido pessoalmente em 2008, segundo The Times. O EDL desmentiu qualquer contato oficial com Anders Breivik.
Funerais
As primeiras 76 vítimas dos ataques de 22 de julho na Noruega serão sepultadas nesta sexta-feira (29), dia em que o massacre completa uma semana. Bano Rashid, uma jovem de 18 anos e de origem curdo-iraquiana morta no tiroteio na ilha de Utoya, será enterrada em Nesodden, nos arredores da capital Oslo. De acordo com a agência NTB, o ministro de Relações Exteriores da Noruega, Jonas Gahr Stoere, irá acompanhar o funeral.
A jovem era membro ativo da juventude trabalhista, movimento político alvo do autor do massacre, Anders Behrin Breivik. Ela tinha o hábito de escrever artigos nos quais criticava o racismo e a discriminação, informou a agência. A irmã caçula de Bano, que também estava na ilha, sobreviveu ao ataque.
"A resposta não deve ser ódio, mas sim amor", disse, entre lágrimas, Beyan Rashid, mãe das meninas, à imprensa local. O canal de televisão TV2 divulgou que nesta sexta-feira também será sepultado Ismail Haji Ahmed, um jovem de 19 anos também morto na ilha. Todas as bandeiras da Noruega estão içadas a meio mastro em memória das 76 vítimas do massacre no país.