A longa agonia da Transbrasil teve um novo e, tudo indica, decisivo capítulo esta semana: a inspeção feita pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) em suas instalações selou a derrocada da empresa. “A Transbrasil deixou de ter condições técnicas de operar”, disse a ISTOÉ o comandante Ronaldo Jenkins, assessor de segurança de vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA). Seu certificado de empresa aérea está cassado. Mesmo que consiga recursos financeiros e uma nova diretoria – três presidentes já sentaram na cadeira de chefe nos últimos dois meses –, a companhia, segundo Jenkins, terá de apresentar um plano de manutenção de aviões e submeter seus pilotos a uma reciclagem. Oficialmente, a Transbrasil tem até o dia 14 para provar que possui condições de voltar a existir, o que é considerado impossível pelo mercado de aviação.

O governo prefere aguardar o lento desfecho do processo falimentar da empresa devido à experiência que teve quando decretou sua intervenção em 1987. No governo José Sarney, ao tentar salvá-la com um aporte financeiro de US$ 60 milhões, acabou tendo de devolvê-la a seu controlador, o falecido comandante Omar Fontana, que contestou a intervenção. Dessa vez, a área econômica e a Aeronáutica rejeitam qualquer tipo de socorro financeiro. A Infraero, credora de R$ 112 milhões da companhia, já começa a estudar quais critérios adotar para que sejam retirados da Transbrasil áreas ocupadas nos aeroportos, inclusive hangares.

O contrato de transferência do controle da empresa por R$ 1 foi anulado na terça-feira 5 pelo juiz Paulo Nimer Filho, de São Paulo. No início da semana passada, já destituído da presidência, o “comprador” Dílson Fonseca tentou fazer valer o documento, sem sucesso. Enquanto isso, Michel Tuma Ness, o terceiro presidente em dois meses, pedia demissão do cargo. Segundo ele, sua permanência estava condicionada ao pagamento dos salários atrasados, num total de R$ 10 milhões. O dinheiro, é óbvio, não foi depositado e Ness resolveu zarpar. A bomba voltou aos braços de Antonio Celso Cipriani, presidente até o início deste ano, principal acionista da empresa e responsável pela dívida de R$ 1 bilhão que destruiu a Transbrasil.