Futuro da fotografia é digital. Depois de alcançar a maioridade entre os profissionais, as câmeras digitais caem de preço para conquistar o coração dos amadores. É uma questão de tempo até que as férias em família dispensem os filmes de 35 mm para ser armazenadas em álbuns virtuais. Em 2001, foram vendidos 17 milhões de máquinas digitais, o que representa 21% do mercado mundial de câmeras. Em quatro anos, estima-se que três em cada cinco fotos sejam armazenadas em chips de silício. Significa um
montante de US$ 9,9 bilhões ao ano, segundo a
consultoria americana InfoTrends.

Atrativos não faltam. Além de aposentar o filme e a revelação, as máquinas digitais têm recursos exclusivos, como a possibilidade de enxergar num visor de cristal líquido a imagem no momento em que ela é capturada. Se a foto não agradar, basta disparar de novo.
Também pode-se transferir o arquivo para o computador e ali editar a imagem em programas que operam milagres, como eliminar olhos vermelhos, rugas, celulite ou corrigir distorções de luz e de cor. Os programas para tratamento de fotos costumam acompanhar as câmeras, mas há alguns que podem ser baixados de graça pela internet.

Como toda novidade tecnológica, o maior defeito dessas câmeras está no preço, embora ele não seja o único item a se considerar na hora da compra. É importante ainda analisar o uso que se pretende fazer do equipamento. Quem deseja guardar as imagens em papel para mostrar aos amigos deve dar atenção à quantidade máxima de pontos (pixels) que formam a imagem. Um pixel é o menor elemento de uma imagem digital. Quanto mais pontos a câmera usar, melhor a qualidade – e, em geral, mais cara a câmera. “Para o amador que não quer fazer grandes ampliações em papel, um megapixel está de bom tamanho”, ensina o fotógrafo Sérgio V. Jorge. Aos 64 anos e 47 de profissão, Jorge se rendeu aos apelos das digitais há dois anos. Hoje, 60% do material publicitário produzido em seu estúdio em São Paulo é registrado pela melhor câmera digital da Nikon, a D1X. A máquina captura 5,47 milhões de pontos (megapixels) e custa a bagatela de R$ 25 mil. Calma: um fotógrafo amador não precisa gastar tanto assim. Na prática, bastam R$ 1.000 para comprar uma câmera de 1 megapixel, resolução suficiente para ampliar uma imagem para o tamanho convencional de 8 x 10 cm.

“Com as câmeras ocorre o mesmo fenômeno dos computadores, que barateiam e ficam melhores a cada ano”, diz Lino de Azevedo, sócio da Brasiltrade Optronic, representante da Olympus no Brasil. No ano passado, o modelo D-100 de 1,3 megapixel custava R$ 1.500. Hoje, a máquina com flash automático, zoom e ajuste à luminosidade ambiente sai por R$ 1.200. Com recursos semelhantes e comandos traduzidos para o português, a Kodak DX3215 (R$ 1.000) envia as imagens ao computador ao ser encaixada numa base fixa, vendida como opcional por R$ 300. O mesmo acessório pode ser acoplado à DX 3900, que custa R$ 2.000 e captura imagens com melhor qualidade: 3,1 megapixels.

Opcionais – Para quem tem folga no orçamento, outra alternativa é a Canon A10, que custa R$ 1.900, tem resolução de 1,3 megapixel e opcionais como a capa impermeável para fotos submarinas, vendida a R$ 850, e a miniimpressora que se liga à câmera, imprime na hora as fotos capturadas e custa R$ 1.100. Essa facilidade resolve um dos inconvenientes da fotografia digital: a limitada capacidade de armazenamento. As imagens são guardadas em cartões de memória, cujo conteúdo precisa ser transferido para o computador para que o cartão armazene nova bateria de fotos. A japonesa Sony tentou resolver o problema ao optar pelos velhos disquetes de 3,5 polegadas, que arquivam de 25 a 30 fotos em baixa resolução. Por isso, a Mavica FD75, que custa R$ 1.700, é ideal para se levar a tiracolo numa praia deserta ou qualquer outra situação em que o fotógrafo esteja a dezenas de quilômetros do computador mais próximo. A baixa resolução só é impedimento para quem deseja imprimir as fotos em papel. Imagens com menos de 1 milhão de pontos, como os 0,35 megapixel da Mavica, são ideais para enviar fotos pela internet, onde os arquivos devem ser pequenos. Nessa mesma categoria está a Digimax 35 MP3, da Samsung, misto de câmera e walkman que toca músicas em formato digital mp3. Vendida a R$ 1.000, quando conectada ao PC ela funciona como câmera para videoconferências e armazena em cartões de memória as músicas prediletas de seu dono.

Tradicionais fabricantes de câmeras também apostam no formato digital. A Kodak equipou 400 de suas 1.700 lojas para receber cartões de memória, disquetes, CDs e e-mails com fotos para serem ampliadas em papel. A Casio oferece no site www.qv.com.br espaço ilimitado para montar um álbum virtual e solicitar, com alguns cliques e um cartão de crédito, a ampliação em papel fotográfico. Cada imagem custa de R$ 1 ou R$ 2 e é enviada pelo correio em até cinco dias.