O Serviço de Inteligência da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul mantém isolado, em uma cela em Campo Grande, uma testemunha-chave do envolvimento de policiais e de outras autoridades brasileiras com o narcotráfico na fronteira com o Paraguai. Seguidor do traficante carioca Fernandinho Beira-Mar na região, Elias Fernandez do Amaral, o Bagual, foi preso por agentes federais na manhã de segunda-feira 4, quando cuidava de seus bois em uma de suas fazendas no município de Laguna do Carapã (MS), na divisa com o Paraguai. As pistas sobre o paradeiro de Bagual foram fornecidas pelo traficante paraguaio Carlos Cabral em entrevista a ISTOÉ.

Localizado em uma de suas fortalezas no município de Capitán Bado, no Paraguai, Cabral acusou o Departamento de Operações Especiais da Fronteira (DOE), da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul, de receber propina de Bagual para apoiar um grupo de traficantes brasileiros que invadiu seu esconderijo no dia 9 de janeiro. Sob o comando de Douglas Ribeiro, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Bagual e outros
20 traficantes encapuzados, da quadrilha de Beira-Mar, utilizaram granadas e fuzis para executar 11 seguranças e familiares do traficante paraguaio. O filho de Cabral, de três anos, foi uma das vítimas da chacina, que teria contado com a participação de policiais da Divisão de Narcóticos do Paraguai (Dinar). Em nota à imprensa, o comandante do DOF, coronel Júlio César Komiyama, negou a participação dos policiais brasileiros no massacre.

Jornalista ameaçado

Às 15h30 de quarta-feira 6, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., editor da surcusal de Brasília de ISTOÉ, recebeu uma ameaça por telefone. “Cuidado. Você vai amanhecer com a boca cheia de pólvora”, disse um homem, que não se identificou e tentou disfarçar a voz. O telefonema, que durou poucos segundos, aconteceu na semana em que ISTOÉ publicou reportagem de Amaury sobre a guerra entre traficantes na fronteira do Brasil com o Paraguai. Em entrevista exclusiva, o líder do tráfico no Paraguai, Carlos Cabral, acusou policiais da Divisão de Narcóticos do Paraguai (Dinar) e do Departamento de Operações da Fronteira da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul de trabalharem para o grupo de traficantes, comandados por Douglas Ribeiro. ISTOÉ comunicou a ameaça à PF e enviou uma lista de possíveis suspeitos pelo ato.


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