chamada.jpg
NOVIDADE
Lula sustenta que só Haddad está apto a vencer resistências em São Paulo

No último fim de semana, Lula encontrou-se com a presidente da República, Dilma Rousseff, e começou a desenhar o cenário eleitoral no qual ele apostará suas fichas para as eleições municipais do próximo ano. Certo de que o PT terá a obrigação de sustentar uma ampla política de aliança, que se refletirá na sucessão de 2014, Lula apresentou à presidente seu cardápio para a futura disputa. Para surpresa geral, é um cardápio com receitas de difícil digestão para boa parte dos petistas. As principais investidas de Lula dão prioridade às eleições em três capitais – São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre – consideradas por ele essenciais para abafar as pretensões tucanas em 2014. E em todas elas o ex-presidente choca-se contra fortes interesses regionais do seu partido.

Lula confirmou para Dilma a intenção de empurrar goela abaixo do PT paulista a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, para a Prefeitura de São Paulo. Em Belo Horizonte, apesar das resistências, Lula defende a aliança com o PSB em torno do nome do prefeito Márcio Lacerda. Por fim, em Porto Alegre, o ex-presidente quer que o PT abra mão da cabeça de chapa numa aliança com a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB). A escolha contraria a preferência dos petistas gaúchos pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Dilma acompanhou atentamente as justificativas de Lula, mas não disse nem sim nem não.

img.jpg
ESCOLHA
Manuela para os gaúchos, Lacerda para os mineiros. São as apostas do líder

As preferências de Lula já começam a incendiar a discussão no partido. Sua jogada mais pública, e talvez a mais arriscada, aconteceu em São Paulo. Lula vê no ministro da Educação qualidades de um político jovem e inteligente, capaz de vencer a resistência da classe média paulistana ao PT. O desgaste de Haddad com as trapalhadas de seu ministério em dois Enens, que perturbaram a vida dos estudantes brasileiros, e sua pouca expressão no PT de São Paulo são desprezados por Lula. O ex-presidente entende que a “novidade” e a “desenvoltura intelectual” de Haddad compensariam qualquer deficiência. Os petistas rangem os dentes: “A melhor forma de decidir qual será o nosso candidato é a realização de prévias”, critica o senador Eduardo Suplicy. “Antes de antecipar nomes temos que saber se os petistas querem ou não a renovação dos candidatos”, avalia o também pré-candidato, deputado federal Carlos Zaratini – que, ao lado dos parlamentares Arlindo Chinaglia e Jilmar Tato, além da senadora Marta Suplicy, lançou seu nome. “Acredito que nosso partido saberá optar pela candidatura mais competitiva e que tenha comprovada experiência administrativa”, alfineta Marta. Lula, por seu lado, defende a renovação dos quadros partidários. Ele reclama que nos últimos 25 anos o PT paulistano alternou três nomes (Eduardo Suplicy, Marta e Aloizio Mercadante) para as disputas à prefeitura e que o povo não aguenta mais os mesmos candidatos.

Entre petistas mineiros e gaúchos as preferências de Lula também ­geram desconforto. “Somos o maior partido do Rio Grande do Sul. Qual seria a razão de não termos cabeça de chapa? Boa vizinhança? Apoiar o desastre que foi o Rio e Minas, onde o PT se tornou secundário?”, questiona o presidente do PT-RS, deputado estadual Raul Pont. Ele garante que, apesar de Lula, o PT terá candidato próprio em Porto Alegre. Em Belo Horizonte, o diretório municipal do partido também já definiu que não vai aderir à reeleição do prefeito Márcio Lacerda se o socialista receber apoio do senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Nosso objetivo central é derrotar o PSDB. Podemos até construir um consenso com o PSB, mas eles terão que largar de vez os tucanos”, diz o deputado estadual Rogério Corrêa, dirigente petista no Estado. Já ciente destas restrições regionais, no entanto, Lula não descarta apoiar o fim das prévias no PT, proposta que será votada no dia 2 de agosto, no congresso nacional do partido.

img1.jpg