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Em setembro de 2007, após viajar entre as cidades espanholas de Madri e Toledo em um trem de alta velocidade (TAV), o presidente Lula desembarcou convencido de que o Brasil precisava de um trem-bala para ligar suas duas principais cidades: Rio de Janeiro e São Paulo. Com a escolha do País como sede da Copa do Mundo de 2014, o projeto ganhou ainda mais força, tornando-se uma das prioridades do governo. Cerca de quatro anos depois, no entanto, a iniciativa ainda permanece longe de entrar nos trilhos. Na segunda-feira 11, o leilão da obra fracassou pela terceira vez. Nenhum consórcio se arriscou a embarcar no empreendimento que, ao contrário do que sonhava Lula, não ficará pronto para a Copa de 2014 e nem a tempo da Olimpíada de 2016.

Desta vez, o problema com o trem-bala foi o preço. Até a semana passada, o governo garantia que com R$ 33 bilhões qualquer um poderia construir um trem de alta velocidade ligando Campinas ao Rio de Janeiro, passando, claro, por São Paulo. As empresas interessadas em entrar no projeto, por sua vez, diziam que esse valor estava muito abaixo do que seria gasto para fazer do Brasil o dono do primeiro trem-bala das Américas. Para eles, com menos de R$ 45 bilhões não é possível realizar a obra. “Em nenhum lugar do mundo, o trem-bala dá lucro. Aqui não será diferente. Há mais de seis meses, alertamos as autoridades sobre a necessidade de se colocar dinheiro público”, diz Luciano Amadio, presidente da Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop), criticando também o modelo apresentado pelo governo.

 Fontes ligadas ao projeto, no entanto, identificam outra causa para o insucesso do leilão. Empreiteiras nacionais teriam dificultado a formação de consórcios com as empresas. “Eles querem postergar o empreendimento para um período em que o volume de obras públicas esteja menor”, diz um burocrata ligado ao governo. Para tentar colocar o trem-bala finalmente nos eixos, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt) anunciou um novo leilão, que, desta vez, será feito em duas fases. O primeiro definirá o grupo detentor de tecnologia, responsável por implementar o projeto e operar os trens. Já o segundo escolherá o responsável por construir a ferrovia. Apesar das mudanças, Bernardo Figueiredo, diretor da ANTT, garante que o cronograma do TAV não sofrerá mais atrasos. “As obras serão concluídas até 2019”, assegura. Só falta combinar com os empresários.