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RITA HAYWORTH
Foto de Robert Coburn para o filme “Gilda”.
Ele retratou também o marido da atriz Orson Welles

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AUDREY HEPBURN
Foto publicitária de Bud Fraker para o filme “Cinderela em Paris”.
Ela também seria a sua modelo em “A Princesa e o Plebeu”

Certas fotografias produzidas em Hollywood na chamada época de ouro dos grandes estúdios, período que vai de 1920 a 1960, ultrapassaram a categoria de meros retratos: são símbolos de uma era em que o cinema americano reinava como o grande gerador de mitos, estilo e moda para o resto do mundo. Incluem-se entre essas imagens, por exemplo, o flagrante de Rita Hayworth como Gilda, a mulher que nunca teve outra à altura, soltando uma baforada de pura sedução. Outro ícone do século passado: a juventude de Marlon Brando congelada no tempo, em cena de “Uma Rua Chamada Pecado”. Por muitas décadas essas fotos são apreciadas, mas nunca se perguntou quem as fez. Agora, uma exposição, acompanhada do lançamento de um livro, não apenas reúne 70 registros originais de astros, como James Dean, Marilyn Monroe, Marlene Dietrich e Audrey Hepburn, como identifica todos os autores das imagens, algumas nunca exibidas. A mostra “Glamour of the Gods – Hollywood Portraits” (Glamour dos Deuses – Retratos Hollywoodianos) está em cartaz desde a semana passada na National Portrait Gallery, de Londres.
E já é apontada como um acontecimento.

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JAMES DEAN
Still do filme “Juventude Transviada”,
por Floyd McCarthy da Warner Bros

Esses retratos elegantes, assim como as chamadas fotos de cena (stills), feitas durante as filmagens, eram usados como material promocional no lançamento das obras nos cinemas. Só a MGM produziu cerca de 100 mil entre 1924 e 1942. Jornais e revistas do mundo inteiro os recebiam gratuitamente e, por isso, não precisavam dar crédito aos autores. Isso explica o fato de a maioria das pessoas não saber que a imagem de Gilda, por exemplo, usada inclusive no cartaz do filme, foi feita por Robert Coburn (1900-1990), que dizia “pintar com luz”. Ou que a de Brando, traz a assinatura de John Engestead (1909-1983). Além deles, a mostra faz justiça a nomes hoje tidos como geniais, como E.R. Richee (1896-1972), Clarence Sinclair Bull (1896-1979), George Hurrell (1904-1992), Ernest A. Bachrach (1899-1973) e muitos outros. O acervo pertencia ao ator, jornalista e historiador de cinema John Kobal, morto em 1991, que cuidou da identificação dos fotógrafos a serviço dos grandes estúdios de Hollywood. Ele adquiriu a maior parte das fotos nos anos 1970, quando empresas cinematográficas como MGM, Paramount, Universal e Warner Bros foram incorporadas por grupos multinacionais e se desfizeram desse arquivo que, para os novos donos, era apenas o que restava de uma glória passada. Sem falar que, mesmo nessa época, os retratistas eram qualificados como “camera men frustrados”.

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MARILYN MONROE
Flagrante de Ernest Bachrach, que fotografou
também as cenas do clássico “Cidadão Kane”

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O momento, no entanto, ditava outras regras. Com a concorrência da televisão, os estúdios deixaram de ser todo-poderosos e perderam o controle sobre os atores mais cotados, até então contratados sob exclusividade. Esse era o motivo de todo o material fotográfico ser controlado nos mínimos detalhes pelo chamado departamento de publicidade. Mesmo com tal rigor, algumas estrelas tinham uma certa liberdade e podiam, inclusive, escolher o seu retratista preferido. Joan Crawford, por exemplo, só gostava de posar para Hurrell, autor de sete fotos na exposição. Greta Garbo desenvolveu uma verdadeira parceria com Sinclair Bull, de agenda disputada – ele retratou também Grace Kelly, Clark Gable, Gary Cooper e Elizabeth Taylor, envoltos numa aura de majestade na exposição.
E era essa mesma a função das imagens: transformar atores em seres distantes e intocáveis, ou seja, estrelas.

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MARLON BRANDO
John Engstead fez esse imortal retrato do ator durante
as filmagens de “Uma Rua Chamada Pecado”


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