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O grupo francês de distribuição Carrefour pode estudar uma nova proposta de fusão no Brasil caso seja apresentado outro mecanismo financeiro, afirmou o diretor financeiro da empresa, Pierre Bouchut, em um encontro com analistas. "Não é o caso neste momento. Se nos for apresentada uma nova proposta, seria algo completamente novo", dosse Bouchut.

O diretor financeiro destacou um pouco antes a impossibilidade de uma fusão da filial brasileira do grupo com a CBD Pão de Açúcar, que tem participação do Casino, grupo francês rival do Carrefour e que manifestou oposição veemente à operação. Diante das divergências, o BNDES desistiu de financiar parte do projeto.

O empresário Abilio Diniz, fundador da CBD e principal defensor do projeto de fusão, reconheceu na terça-feira o fracasso do mesmo, após a rejeição pelo Conselho de Administração do Casino, acionista da CBD, e da retirada do BNDES. "A Península (holding da família Diniz) considera que atualmente não é possível continuar com o projeto", declarou.

Segundo o BNDES, que a princípio estaria disposto a financiar a operação em até dois bilhões de euros (R$ 4,5 bilhões), sua intervenção dependia do entendimento de todas as partes envolvidas, incluindo o Casino, mas as condições estabelecidas não foram cumpridas. O objetivo da fusão entre o número um e o número dois da distribuição no Brasil era criar um grande grupo, que geraria vendas anuais de 30 bilhões de euros.

Entenda

O grupo francês Carrefour anunciou em 28 de junho ter recebido uma proposta de fusão de ativos no Brasil com os da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), do grupo Pão de Açúcar. A operação precisava ser aprovada pelos acionistas dentro dos próximos 60 dias. O BNDESPar e o BTG Pactual foram os parceiros escolhidos por Abílio Diniz para tentar concretizar a união, em uma complexa operação para não ferir acordo de acionistas.

Diniz e Pão de Açúcar estavam impedidos de negociar diretamente com o Carrefour sem o consentimento do grupo Casino, que detém 43% da rede brasileira, devido a cláusulas do acordo de acionistas firmado em 2006. Pelos termos apresentados, a Gama e o BNDESPar formariam a Nova Pão de Açúcar (NPA). Após uma série de etapas, o Carrefour teria sua operação no Brasil incorporada pelo Pão de Açúcar.

A proposta envolvendo o Carrefour no Brasil surgiu depois que o Pão de Açúcar comprou nos últimos anos Ponto Frio e Casas Bahia, consolidando sua liderança no varejo do País. As duas aquisições ainda não passaram pelo crivo do órgão antitruste, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em reunião com Diniz, os conselheiros do Casino foram contra a operação.

A negociação previa que a aquisição das lojas do Carrefour no Brasil por meio da Gama, fundo de investimentos do BTG Pactual, teria investimento de 1,7 bilhão de euros do BNDESPar e de 300 milhões de euros pelo BTG Pactual, que também vai arcar com dívida de 500 milhões de euros da varejista francesa no Brasil. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cogitou participar da fusão com cerca de R$ 4,5 bilhões, mas também voltou atrás por causa da posição contrária do grupo Casino.