a semana passada, a atriz Patrícia Pillar, 37 anos, divulgou em nota à imprensa que se submeteu, em dezembro, a uma cirurgia de remoção de um câncer em fase inicial na mama esquerda. A operação foi realizada no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Também anunciou que está fazendo sessões de quimioterapia para reduzir ao máximo as chances de reincidência da doença, o tipo de tumor mais comum e o mais fatal entre as brasileiras. Na quarta-feira 30, Patrícia foi vista saindo de uma clínica de stress, acompanhada do namorado, o presidenciável Ciro Gomes. Cabelos cortados, sorriso nos lábios, arregava um livro sobre a doença.

A atitude de Patrícia mereceu elogios dos especialistas. “O exemplo dado por ela ajuda a conscientizar as mulheres de que o câncer é uma doença que pode ser tratada com métodos pouco agressivos quando é detectada no início. Isso mostra os benefícios de fazer os exames de detecção precoce da doença”, acredita Mário Mourão Netto, chefe da Mastologia do Hospital do Câncer de São Paulo. A forma mais eficiente de se prevenir é fazer o autoexame (apalpar as mamas no fim do período menstrual, à procura de nódulos) e ir ao ginecologista uma vez por ano. A maioria dos especialistas também recomenda a mamografia para mulheres acima de 40 anos. Infelizmente, o diagnóstico precoce ainda não é uma regra no Brasil. Enquanto em São Paulo metade das mulheres atendidas no Hospital do Câncer chega com tumores precoces, tratados com cirurgias que conservam a mama e com boas chances de cura, no Ceará, por exemplo, 70% das mulheres chegam ao médico com tumores em estágio avançado.

A boa notícia é que, em matéria de tratamentos, há avanços. Um deles são os exames para identificar com mais precisão as características do tumor. “Isso permite aos médicos usar os remédios mais apropriados”, explica Artur Katz, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. A presença de uma determinada proteína encontrada em 30% dos casos, por exemplo, torna os tumores mais agressivos, exigindo combate mais contundente. Mas a descoberta de um câncer violento, com tendência a se expandir para outras regiões, não assusta como antes. “A associação de uma nova substância, o herceptin, a outras drogas usadas na quimioterapia, inibe a ação da proteína e impede a expansão do tumor”, afirma o oncologista Agnaldo Anelli, de São Paulo. Novas drogas desse tipo devem chegar ao mercado nos próximos dois anos.

Desconte no imposto

Desde janeiro, uma liminar concedida pela juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, garante aos associados do Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer (Napacan) o direito de deduzir do Imposto de Renda os gastos com a compra de remédios contra o câncer feitos no ano passado. Há medicamentos que custam até R$ 3 mil. “É uma decisão inédita e cria um precedente. Quem quiser se beneficiar desse desconto deve fazer um mandado de segurança individual ou por entidade de classe”, orienta o advogado Walter Henrique, 32 anos, de São Paulo, responsável pelo pedido à Justiça. Dica do contador Roger Ferreira, de São Paulo: anexar à declaração uma cópia da receita médica junto com a nota fiscal do medicamento.