Número excessivo de alunos por sala de aula, escolas com pouca infra-estrutura, baixos salários. Este é o cenário de trabalho dos professores brasileiros revelado por um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, órgão do Ministério da Educação (Inep/MEC). O levantamento foi divulgado na quarta-feira 15 pelo ministro da Educação, Cristovam Buarque, que, junto com o presidente Lula, homenageou os professores. Na ocasião, Lula recebeu uma de suas primeiras professoras, dona Justa Tarifa Valentim, 69 anos, que deu nota 8,5 a 9 ao governo do ex-aluno. Apesar da boa avaliação da mestra, o documento Estatísticas dos Professores no Brasil mostra que a situação desses profissionais está longe da ideal. “Em uma década, a qualificação do professor melhorou, mas ainda há muito a ser feito. Temos que buscar avanços no curto prazo”, avaliou o ministro.

Realmente, os dados mostram que hoje 57% dos professores têm
curso superior. De positivo é só. Dos 2,4 milhões de professores da educação básica, 1,92 milhão dá aula na rede pública, onde estão concentrados os problemas. Em 80% dessas escolas não há laboratórios de ciências e de informática. E em quase metade delas faltam bibliotecas. Outra medida importante é garantir um salário digno a quem tem a
missão de educar 57,7 milhões de brasileiros. Entre 17 categorias, a
do professor é a que ganha menos (leia quadro). Isso talvez explique
o futuro déficit de professores em 2006, apontado pelo estudo. No
ensino médio, serão necessários 125 mil docentes. No fundamental,
98 mil e nas creches, 107 mil.

Para reverter o quadro, o governo criará um Sistema Nacional de Educação, que dará diretrizes mínimas para as escolas. “No Brasil, cada Estado adota suas regras. Temos que ter um padrão básico”, explica o ministro. Também estão previstos a transformação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) em Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que vai atender à pré-escola e ao ensino médio; um programa de formação de professores; e a elevação dos salários, que deverão dobrar até o fim do governo petista.