A biografia de Marcos de Magalhães Pinto, 67 anos, bateu no fundo do poço na sexta-feira 25. Logo pela manhã, foi levado de sua confortável casa no Rio de Janeiro para as dependências da Polícia Civil carioca. Só saiu de lá quatro dias depois, com um habeas-corpus emitido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello. Outros sete ex-executivos do banco, que também passaram o fim de semana na cadeia, se beneficiaram da decisão, semelhante à que libertou, em 2000, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola. Réu no processo sobre a quebra do Banco Marka, um ano antes, Cacciola aproveitou sua liberdade e fugiu para a Itália, onde vive até hoje (ele é cidadão italiano).

Magalhães Pinto, ex-dono do Banco Nacional, foi condenado a 28 anos e 10 meses de prisão, além de multa de R$ 10,76 milhões, por crimes de gestão fraudulenta, prestação de informações falsas ao Banco Central, maquiagem de balanço contábil e formação de quadrilha. A quadrilha em questão é composta por 13 de seus ex-colaboradores mais próximos, também condenados a passar até 27 anos na cadeia (seis deles já tinham o direito de aguardar o processo em liberdade). O autor das sentenças, o juiz da 1ª Vara Federal Criminal, Marcos André Bizzo Moliari, prevê que o caso só terá solução definitiva em 2008. Ou seja: mesmo que condenados mais uma vez por instâncias superiores, os ex-executivos só iriam novamente para a cadeia daqui a seis anos.

Magalhães Pinto e seus comparsas foram condenados por fraudes que levaram à intervenção federal do Banco Nacional, em 1995. O rombo, de R$ 9 bilhões, foi assumido pelo Banco Central, enquanto a parte boa da instituição passou para o controle do Unibanco. A defesa alegou que as operações foram realizadas para salvar o banco da quebra. Antes de voltar para casa, os condenados foram obrigados a entregar os passaportes para a Polícia Federal. Estão proibidos de sair do País, assim como Cacciola.


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