Uma concepção diferente das tradicionais estátuas para cultuar personalidades em praça pública está virando moda no Rio de Janeiro.
Os ídolos são retratados com expressões descontraídas e situações reais, muitas vezes em tamanho natural. Os pedestais foram praticamente excluídos. No lugar de figuras militares e aristocráticas, entram os senhores da cultura popular brasileira. O pioneirismo é de Noel Rosa,
que desde 1996 pode ser visto bebendo cerveja e fumando em uma
mesa de bar no boulevard 28 de Setembro, evidentemente em Vila
Isabel. Pixinguinha chegou ao centro do Rio em 1997 e, no ano passado, Carlos Drummond de Andrade se incorporou à paisagem de Copacabana. Nos próximos meses chegará a vez de Braguinha ser eternizado. A escultura de bronze de um dos maiores autores de marchinhas de Carnaval está pronta, com 600 quilos e 2,20 m de altura. Ela reproduz
a simpatia do artista, mostrando-o andando, de braços abertos e saudando o povo. Ficará na avenida Princesa Isabel, perto da praia
de Copacabana, que o compositor, hoje com 97 anos, apresentou
ao mundo como “princesinha do mar”.

Para aumentar a galeria de homenageados, até o fim do ano o Morro da Mangueira ganhará uma estátua de Cartola, com 500 quilos e a mesma altura de Braguinha. O fundador da mais tradicional escola de samba carioca estará para sempre sentado em uma pedra que representa o morro. “Resgatar ícones dessa envergadura por meio das artes plásticas é criar empatia com a massa”, afirma o artista plástico Otto Dumovich, que esculpiu Cartola e Braguinha. Ele também é o autor da réplica de Pixinguinha instalada na travessa do Ouvidor. Inaugurada para celebrar o centenário de nascimento do compositor, a obra que retrata o autor de Carinhoso tocando saxofone é uma exceção entre as outras de Dumovich por estar num pedestal.

O artista plástico paraibano Joás Pereira, que esculpiu a estátua de Noel Rosa, retratou em dezembro do ano passado o escritor Otto Lara Resende em pé, lendo ao lado de uma mesa, no largo que leva seu nome no bairro do Jardim Botânico. Dois meses antes, como parte dos festejos pelo centenário de nascimento de Carlos Drummond de Andrade, o artista plástico mineiro Leo Santana fixou a réplica em tamanho natural do poeta em um banco no trecho da praia que ele costumava frequentar.

A moda das estátuas também chegou a Búzios, na região dos Lagos. Para inaugurar a recuperação da orla central do balneário mais badalado do País, na praia da Armação, há pouco mais de dois anos foi instalada uma réplica da atriz Brigitte Bardot. A partir de uma foto da época em que a estrela pisou em Búzios, nos anos 60, a escultora Cristina Motta, a pedido da prefeitura, reproduziu um dos maiores símbolos sexuais da história do cinema. “A estátua tornou-se um marco para a cidade. Nada mais justo, pois foi ela quem tornou Búzios famosa no mundo”, diz Isac Tillinger, secretário municipal de Turismo.