O escritório de Yasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), em Ramalá, foi cercado na sexta-feira 18 por tanques e blindados israelenses. Desde dezembro, Arafat está impedido pelo governo israelense de deixar a cidade. O líder da ANP está cada vez mais isolado politicamente e, dessa vez, nem o apoio dos países árabes ele recebeu. Tanto que até para Saddam Hussein Arafat apelou. Ele também solicitou ao presidente americano, George W. Bush, a presença urgente de um enviado para tentar diminuir a escalada de violência. Mas o governo americano respondeu dizendo que isso somente acontecerá “quando as condições permitirem”. Nesse meio tempo, o ciclo de violência se repete. De um lado, os extremistas palestinos continuam com suas ações terroristas. A Brigada dos Mártires de Al-Aqsa (braço armado do Fatah, facção de Arafat) assumiu o atentado em Hadera (norte de Israel), que matou seis israelenses e feriu 30 numa festa, e prometeu que irá intensificar os ataques. E assim cumpriu. Na terça-feira 22, um extremista do grupo saiu atirando em Jerusalém, ferindo 20 pessoas. O Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) também declarou “guerra total”, prometendo vingança aos quatro de seus líderes assassinados por Israel. E o Jihad Islâmico voltou a convocar todos os palestinos para a “guerra santa”.

Do lado de Israel, as ações contra os palestinos também se acirraram. Na segunda-feira 21, uma incursão de tanques e carros blindados seguidos por helicópteros tomou a prefeitura e vários prédios de Tulkarem, ao norte da Cisjordânia, numa resposta do primeiro-ministro Ariel Sharon aos ataques dos grupos extremistas. Desde o início da nova intifada (levante palestino), em setembro de 2000, esta é a primeira vez que Israel ocupa uma cidade palestina. O Exército israelense diz que a intenção é desmantelar as células terroristas. Não é segredo para ninguém que Sharon sempre desejou reocupar os territórios palestinos, Gaza e Cisjordânia, mas ainda não se sabe se este realmente é seu plano de ação. Há quem diga que, se a situação for controlada, os tanques deixarão as cidades palestinas.

Líbano – Enquanto isso, em Beirute, no Líbano, o ex-dirigente cristão libanês e ex-ministro Elie Hobeika morreu na quinta-feira 24, num atentado provocado por um carro-bomba nas proximidades de sua casa. Ele era um dos acusados pelo massacre de Sabra e Chatila, em 1982, em que cerca de dois mil palestinos foram assassinados pelas milícias cristãs pró-israelenses em campos de refugiados. O então ministro da Defesa, general Ariel Sharon, que liderou a invasão israelense do Líbano para expulsar os guerrilheiros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), foi acusado de conivência com aquela carnificina. Um dia antes do atentado, Hobeika tinha dito a um grupo de parlamentares belgas que faria importantes “revelações” sobre seu papel no episódio. O massacre está sendo investigado na Bélgica.

Seja como for, a melhor definição do cenário de terror do Oriente Médio veio do jornal israelense

Yediot Ahanorot

: “Esperamos o próximo atentado. Depois a resposta. E, posteriormente, o ataque seguinte e uma nova resposta.” Um círculo vicioso que parece não ter fim