O governo Dilma se mobiliza para travar uma importante e dura batalha. Tenta o que antecessores buscaram por anos e não conseguiram: aprovar uma reforma previdenciária, sem a qual o sistema todo pode ficar inviabilizado em um futuro breve. A difícil travessia da reforma se dá jus tamente pela resistência de parlamentares, inclusive os da base aliada. No Congresso, o assunto é tido como tabu. Por viverem de votos, deputados e senadores temem aprovar medidas impopulares, que inevitavelmente virão pelo andar da carruagem. O rombo da Previdência aumenta geometricamente a cada ano. O gasto nesse item do orçamento já soma quase R$ 260 bilhões por ano. Aposentadorias de militares e de servidores públicos contribuem com a fatia maior da despesa. Mas não é o único problema. Há também regras absolutamente obsoletas diante da nova realidade de mercado. A diferença da idade mínima entre homens e mulheres para requisitar o benefício é uma delas. Com o avanço da mão de obra feminina, que provocou o aparecimento de milhares de mulheres chefes de família, não se justifica mais essa desigualdade no tratamento. A ideia do governo é aproximar o tempo de contribuição. Há também propostas inovadoras para as pensões vitalícias, em que viúvas e viúvos jovens deixariam de receber ou receberiam no teto máximo de 70% do que o segurado teria direito em vida. Essas e outras saídas podem soar antipáticas para a maioria dos contribuintes, mas constituem o arcabouço de um programa vital que pode retirar a Previdência pública da trajetória de colapso iminente. O Brasil caminha de maneira acelerada para um envelhecimento de sua população. Dados do Censo do IBGE mostram que a quantidade de idosos deverá dobrar nos próximos 30 anos em termos proporcionais na população como um todo. Com menos jovens contribuindo e mais idosos dependentes, a conta não fecha. É preciso responsabilidade, serenidade e compromisso público das autoridades políticas para aprovar de uma vez por todas uma saída que desarme essa bombarelógio da Previdência. Não há mais tempo para empurrar o assunto com a barriga, como se a simples ideia de esquecer o problema trouxesse a solução.