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A ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, foi nomeada nesta terça-feira (28) a primeira mulher a assumir o posto de diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Lagarde e o diretor do Banco Central do México, Agustín Carstens, eram os dois candidatos que pleiteavam dirigir o FMI, depois da recente demissão do francês Dominique Strauss-Kahn, acusado pela justiça americana de delito de agressão sexual.

 

Lagarde foi eleita por unanimidade pelos 24 membros do Conselho da Administração, afirma o comunicado oficial. "Sinto-me honrada e feliz que o Conselho tenha me elegido", reagiu a ministra francesa em uma mensagem no Twitter.

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Nesta terça o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia declarado o apoio formal do Brasil à candidatura de Lagarde. Para o ministro, porém, o processo de deliberação foi muito curto, impossibilitando uma discussão e um aprofundamento maior da posição brasileira. "Esperamos que o processo seja mais demorado na próxima eleição", disse Mantega.

Segundo ele, a escolha brasileira se deveu à experiência, ao currículo e ao conhecimento das questões mundiais de Lagarde, mas sobretudo pelo comprometimento da ministra francesa em continuar com as reformas e a modernização do FMI. "Essa reforma inclui continuar a aumentar a posição dos países emergentes, que hoje têm mais voz e mais votos nas decisões do fundo", afirmou.

Para Mantega, a escolha de Lagarde não significa a escolha de uma candidatura europeia. "É por mérito", disse o ministro. Segundo ele, é preciso se desfazer um "velho acordo", que vem desde a década de 1940, de que sempre um europeu dirige o FMI e um americano comanda o Banco Mundial. "O (ex-diretor) Strauss Kahn já era um europeu que teve comportamento global. Queremos que na próxima eleição não venham com essa história. Pode até ser um europeu, mas tem que haver competência", acrescentou.

O ministro afirmou que a decisão brasileira foi conversada com outros países, como África do Sul, Argentina e Rússia. Nessa segunda-feira a China já havia anunciado apoio a Lagarde. "Buscamos formar um consenso sobre o que queremos para o FMI. Não só no sentido de fiscalizar os países emergentes, mas fiscalizar mais os países avançados, que têm causado crises econômicas", afirmou.

Além disso, segundo Mantega, o Brasil deseja aumentar a participação dos emergentes nas diretorias do fundo. Outra reivindicação é de que não haja restrições ao controle de capitais. Para o ministro, o FMI precisa continuar atuando em sintonia com o G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo) que, segundo Mantega, é o principal órgão de coordenação da economia mundial.

O prazo para que os países se posicionem em relação às candidaturas ao FMI se encerra na quinta-feira, dia 30. Além do Brasil e a China declararem apoio a Lagarde, Canadá e Austrália manifestaram apoio ao presidente do Banco Central mexicano, Agustín Carstens.