Governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), não pretende alterar seu cronograma político, mesmo depois do lançamento da candidatura do ministro José Serra pelo PSDB e das acusações de que seu crescimento nas pesquisas é só marketing. Em visita a ISTOÉ na sexta-feira 18, Roseana ressaltou que um programa de governo precisa ser viável e coerente. Por isso não pretende apresentar propostas agora. “Não se pode cair no discurso vazio, apenas falar bonito. Isso é muito fácil, tem que fundamentar os projetos. Todo mundo quer acabar com a desigualdade, diminuir a taxa de juros, crescer 6 ou 10% ao ano.” Roseana preferiu não comentar o discurso de Serra, mas, ao responder às provocações dos adversários de que sua candidatura é inconsistente, fruto da publicidade, cutucou o tucano: “Dizer que Serra é o mais bem preparado e eu não também é marketing. É o marketing dele”, disse rindo. “Não adianta saber tudo, ser gênio. O importante é ter uma boa equipe e capacidade de liderança.”

Na visita à Editora Três, Roseana, acompanhada do senador Edison Lobão (PFL-MA), recebeu das mãos do editor e diretor responsável, Domingo Alzugaray, o prêmio de Brasileira do Ano, atribuído pela revista ISTOÉ. Alzugaray ressaltou que o título se devia ao fato de a governadora ter conseguido vencer vários preconceitos, como os de ser mulher e nordestina, além de ter se destacado na corrida presidencial. O prêmio foi criado em 1999, quando o ex-presidente Juscelino Kubitschek foi escolhido o Brasileiro do Século.

A governadora ressaltou os feitos de sua administração no Maranhão, da qual se afastará no dia 4 de abril para disputar a eleição. “Não estou açodada. Fui criada numa família de políticos e sei quais são os movimentos,” afirma, fazendo política. Quanto à vantagem de Serra junto à elite, a governadora desconversa: “Não estou atrás dos votos da Fiesp.” Roseana disse que não vai passar a campanha justificando a pobreza do Maranhão. “O Estado é pobre, o Nordeste é pobre, o Brasil é pobre, mas conseguimos melhorar muito os indicadores sociais.” Quanto ao poder político da família Sarney, a governadora lembrou: “Se fosse do jeito que dizem, na primeira eleição que disputei, em 94, não teria enfrentado grandes dificuldades.” Ela lembrou que na campanha chegou a ter 11% de rejeição no Maranhão só pelo fato de ser mulher.

Descontraída, garantiu que não vai desfilar pela Acadêmicos do Grande Rio, escola de samba do carnavalesco maranhense Joãosinho Trinta, cujo enredo é Papagaios amarelos nas terras encantadas do Maranhão. Mas admitiu que poderá ir ao desfile das campeãs se a escola ficar entre as primeiras colocadas. “Não passo Carnaval fora do Maranhão. Temos um bloco e saímos vestidos de ‘fofão’ (fantasia tradicional).” Roseana contou que presenteou Joãosinho com um livro que ajudou na elaboração do enredo: devido à pele, aos cabelos claros e ao fato de falarem muito, os índios chamavam os franceses, que se estabeleceram no Maranhão no século XVII, de papagaios amarelos. Sobre a polêmica criada com o merchandising do Maranhão na novela O clone, rebateu: “Quem não aceitaria fornecer infra-estrutura para divulgar o Estado daquela maneira?”


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