Gaúcho de Passo Fundo, o violonista Yamandú Costa, de apenas 21 anos, pertence a uma espécie que se julgava extinta: a dos virtuoses. Na linha de Raphael Rabello, com quem vem sendo comparado, seu instrumento é o violão de sete cordas, aquele acrescido de graves que permitem e convidam ao contraponto. Sua pegada forte a ponto de fazer as notas estalarem lembra a de Baden Powell, que o viu aos 16 anos e vaticinou seu sucesso. Na mais recente edição do Free Jazz Festival, Yamandú foi considerado pelo público a maior surpresa do evento. Agora ele, que já se apresentou ao lado de Almir Sater, de Dominguinhos e do conterrâneo Renato Borghetti, chega ao disco com Yamandú, um sonho realizado por ter vencido o 4º Prêmio Visa de MPB – edição instrumental, de 2001.

Nas suas apresentações, Yamandú costuma tocar os clássicos das cordas. No CD, seguiu o mesmo caminho, selecionando para o repertório as canções Brejeira e Tristeza do Jeca. Mas é nas composições próprias que se insinua seu futuro como artista. É um caleidoscópio formado por Galderismo, Habanera e Chamamé – as três de forte influência gaúcha –, Mariana, que lembra a bossa nova, Cristal, uma valsa dolente, e Chorando por amizade e Bahia x Grêmio (parceria com Armandinho Macedo), que o insere com louvor na confraria do choro-frevo. De quebra, uma delicada interpretação de Meu avô, do mestre Rabello, que, como outras tantas no disco, recebeu arranjo de Maurício Carrilho. Com sua exuberância, Yamandú deu o primeiro passo para uma carreira que já nasce superlativa.