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ALEGRIA
Mantega diz que a nota é reflexo do combate à inflação

A economia mundial vive dias de turbulências. A tal ponto que o economista Nouriel Roubini, o doutor catástrofe, prevê o fim do euro e diz que Portugal, Espanha e Grécia só vão reequilibrar suas contas se relançarem suas moedas nacionais. Nesse cenário conturbado, o Brasil destaca-se cada vez mais como excelente alternativa de investimento, um verdadeiro porto seguro para os investidores internacionais. E as agências de rating, que andaram derrapando nas últimas crises, são as primeiras a reconhecer a força da economia brasileira. Na semana passada, a Moody’s voltou a elevar a classificação de risco do Brasil, desta vez do conceito “Baa3” para “Baa2”, com perspectiva positiva. A promoção, segundo analistas do mercado financeiro, significa um voto de confiança no governo Dilma Rousseff. “A decisão da Moody’s é mais um reconhecimento da consistência da política econômica e da melhora de seus fundamentos”, interpretou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que aposta no equilíbrio dos fundamentos econômicos: metas de inflação, câmbio flutuante, acúmulo de reservas internacionais, responsabilidade fiscal e solidez do sistema financeiro.

Diante da boa notícia, o Banco Central já se prepara para uma provável enxurrada de dólares, que deve provocar valorização ainda maior do real. A nota da Moody’s foi divulgada em meio ao tumulto na zona do euro. E, à medida que houver uma realocação dos investimentos na direção dos emergentes, o Brasil será um alvo certo. Só este mês, a agência de rating colocou a dívida do governo da Itália em revisão para baixo e aumentou os temores de que a crise pode se espalhar para as grandes economias da Europa. Avisou também que vai rever a classificação dos três principais bancos franceses (BNP Paribas, Société Générale e Crédit Agricole) pela exposição à dívida grega. Em contrapartida, elevou a nota do Brasil. Responsável pela avaliação positiva, o analista de crédito soberano da Moody’s em Nova York, Mauro Leos, diz que observa no governo Dilma um comprometimento em conter a inflação. Mas fez um alerta sobre o endividamento bruto, de 56% do Produto Interno Bruto, que considera alto.

Essa foi a segunda reclassificação do Brasil em menos de três meses. Em abril, a agência Fitch fez o upgrade a um nível acima do grau de investimento por considerar a taxa de crescimento da economia sustentável, com capacidade maior de absorver choques externos. Mesmo assim, o Brasil está alguns degraus atrás da Espanha e da Itália; portanto, analistas acreditam que a nota brasileira deveria ser mais alta, por estar em condições melhores do que dezenas de outros países. Mas as agências não olham somente o bom momento da economia do País, olham o histórico. E o do Brasil é cheio de altos e baixos. Por isso, as agências erram. Elas levam tempo para elevar o rating e só o rebaixam com a crise chutando a porta. Apesar dos equívocos, da metodologia e dos critérios questionáveis, são balizadores do investimento estrangeiro. “Quanto maior a confiança no País, mais ele atrai investimentos. O impacto, agora, é de médio prazo, na medida em que se reforça a trajetória de crescimento”, diz Roberto Padovani, economista-chefe do banco alemão WestLB do Brasil.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebeu a notícia da Moody’s durante reunião com a presidente Dilma Rousseff e outros ministros da área econômica. Orgulhoso, ele garantiu à presidente que a economia brasileira vai crescer 4,5% este ano. E disse que a inflação ficará próxima de zero em junho e encerrará o ano dentro do limite da meta, entre 6,15% e 6,2%. O centro da meta é de 4,5% com folga de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. “Conseguimos estabilizar a economia num patamar de 4,5%, o que é muito bom”, afirmou. O economista Claudio Frischtak, da Inter. B – Consultoria Internacional de Negócios, diz que se havia incerteza sobre a forma de o novo governo lidar com o crescimento e a inflação, ela se desfez. “Agora a Moody’s diz que o governo está conseguindo, ao reduzir gastos”, diz Frischtak. A avaliação da Moody’s foi tudo que a equipe econômica queria ouvir nesses dias de freada de arrumação.

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