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Desde 2003, a cidade do Rio de Janeiro sedia, a cada dois anos, um dos maiores festivais de fotografia da América Latina, o FotoRio. O evento acontece em 50 espaços prestigiosos da cidade, como o CCBB RJ, que abriga a exposição, “Eu me Desdobro em Muitos – A Autorrepresentação na Fotografia Contemporânea”. Com curadoria de Joana Mazza e Milton Guran, organizadores do FotoRio, a mostra apresenta a produção fotográfica contemporânea dentro do contexto do autorretrato. “Desde as décadas de 1970 e 1980, a autorrepresentação dentro da arte contemporânea entrou na ordem do dia. Grandes artistas, que se tornaram referência no mundo, trabalharam essa possibilidade”, diz Milton Guran.

É do período do Renascimento os primeiros autorretratos pintados por grandes mestres, como Leonardo Da Vinci. Hoje, com a proliferação de câmeras digitais e canais de exposição, como blogs, fotologs e redes sociais, a prática do autorretrato ganha novas dimensões, tornando-se um fenômeno global e onipresente. A fotógrafa carioca Helena de Barros faz uma ponte entre o passado pictórico e a prática fotográfica contemporânea mediada pelas mídias digitais. Para isso, criou um alter ego virtual chamado Helenbar, dando novo nome para si ao retratar-se em imagens digitais inspiradas pelo movimento pré-raphaelita. Este foi um grupo de pintores ingleses do século XIX que buscava um resgate da pintura feita entre o fim da Idade Média e o início do Renascimento. Um exemplo é o trabalho “O Fruto” (foto), no qual a artista se retrata como Eva, encenando o episódio bíblico do “pecado original”, uma das cenas mais pintadas ao longo da história.

Além de trazer importantes nomes da fotografia atual, a exposição apresenta cinco vídeos selecionados pelo curador francês Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de la Photographie, que mostram como a câmera de vídeo pode ser uma ferramenta para o autorretrato. Entre os destaques está “Identidade”, da brasileira Cris Bierrenbach, que utiliza o vídeo como um espelho, na medida em que se penteia diante da câmera. “Cada vez mais, artistas plásticos e fotógrafos fazem do vídeo uma forma de autoexpressão mais incisiva”, enfatiza Guran, que é responsável por outras atividades do festival que acontecem até o mês de agosto.