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Uma espécie brasileira está entre as dez descobertas mais surpreendentes realizadas na natureza no último ano. O ranking, divulgado apenas recentemente, está em sua quarta edição e é feito anualmente pelo International Institute for Species Exploration, da Arizona State University (EUA). Entre as revelações está um fungo com a rara capacidade de emitir luz, a bioluminescência. O cogumelo foi encontrado em áreas remanescentes de Mata Atlântica pelo químico Cassius Stevani, da Universidade de São Paulo (USP).

Para selecionar as espécies – que incluem uma aranha com a teia mais forte já estudada e uma bactéria que se alimenta da ferrugem do Titanic – foi convocado um grande comitê de taxonomistas (cientistas que nomeiam novos seres). “Eles são livres para usar os critérios que julgarem mais justos, mas são lembrados de que queremos capturar a atenção do público com as escolhas mais impressionantes possíveis, seja por uma biologia estranha, seja por um novo registro de alguma espécie ou mesmo por um nome engraçado”, disse à ISTOÉ Quentin D. Wheeler, diretor do instituto organizador do ranking.

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Com a lista, ele espera atrair a atenção para a necessidade de conhecer e conservar a biodiversidade, além de dar suporte ao trabalho de museus de história natural, jardins botânicos e à própria taxonomia. Um dos nomes do ranking atual ilustra a dificuldade de batizar uma nova espécie. O antílope Philantomba walteri foi encontrado pela primeira vez no Togo, na África, em 1968. “O tempo entre a primeira coleta e a sua nomeação formal pode ser curto ou longo. Em alguns casos, é questão de esperar até encontrar o especialista certo”, explica Wheeler.

Foi o que aconteceu com Stevani, da USP. O cogumelo Mycena luxaeterna foi encontrado por ele pela primeira vez em 2007, no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, em Iporanga (SP). “Eu não podia escrever um artigo sobre o fungo enquanto ele não fosse descrito corretamente”, diz Stevani. Ele então procurou por taxonomistas até encontrar Dennis Desjardin, da San Francisco State University (EUA), que o ajudou no registro.

 

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Os cientistas têm pressa para nomear novos seres. Pela média histórica de sete mil espécies descobertas por ano, estima-se que demoraria 1,4 mil anos para finalizar o trabalho de descrever todas elas. Mesmo com a taxa atual de 20 mil descobertas por ano, ainda assim levaria 500 anos. Em 2010, o instituto chefiado por Wheeler convocou cientistas para discutir formas alternativas para acelerar esse processo. “Em breve publicaremos um relatório que vai apontar como o trabalho pode ser completado em 50 anos ou ainda menos”, avisa o pesquisador. Nesse caso, a pressa é amiga da conservação. 

 

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