Parte da poderosa indústria bélica – ou de defesa, como agora é conhecida – de Israel vai ser privatizada. O governo anunciou a intenção de vender o controle de uma das três maiores empresas do setor, a Indústria Militar de Israel (IMI). As outras duas são a Indústria Aeronáutica de Israel (IAI) e a Rafael Arms Development Authority. Esse setor produz desde munição e armas leves até peças de artilharia, tanques e sofisticados sistemas eletrônicos, de radares, veículos aéreos não-tripulados (UAVs) e mísseis. Da IMI, os produtos mais conhecidos são a submetralhadora Uzi, os fuzis Galil e Tavor e o tanque Merkava, tido como um dos mais eficientes do mundo.

A IMI teve seus primórdios em 1933, quando a comunidade judaica que emigrou para a Palestina enfrentava a crescente hostilidade da população árabe nativa. Foi quando a Haganá (milícia que foi o embrião do Exército) criou pequenas fábricas clandestinas para produzir granadas e explosivos. Em 1948, com a criação do Estado de Israel, essas fábricas se transformaram na IMI, ligada às Forças de Defesa de Israel (FDI).

Nas primeiras décadas depois da independência, a IMI produziu as armas leves básicas usadas pelas FDI. Equipamentos mais sofisticados, como tanques e aviões, eram comprados de outros países, principalmente da França. Mas depois da Guerra dos Seis Dias (1967), com o embargo francês à venda de armas a Israel, o país transformou sua indústria bélica numa potência. Além de novos produtos, a IMI adaptou e modernizou tanques e blindados e a IAI fez o mesmo com aviões, como o Kfir, versão mais moderna do Mirage III.

Desde os anos 90, a indústria bélica israelense vem redirecionando parte de suas atividades para o setor civil. Áreas como internet, telecomunicações e robótica se beneficiaram dessa transferência. A IMI emprega quatro mil pessoas. Cerca de 60% de seu faturamento, de US$ 550 milhões, provém de exportações. No total, o setor de defesa israelense – privado e estatal – fatura US$ 3,5 bilhões e emprega cerca de 50 mil pessoas.