Sob controle?
O governo jura que a crise da aftosa está sob controle. Mas olha o que saiu no jornal O Estado, em Mato Grosso do Sul: o Ministério da Agricultura e Pecuária solicitou aos governos de Paraná e São Paulo o rastreamento de cerca de 40 mil cabeças de gado que saíram da região de Eldorado, a 446 quilômetros de Campo Grande, nos sete dias antes do surgimento dos primeiros sintomas da febre aftosa no rebanho da Fazenda Vezozzo. Pecuaristas dos sete municípios interditados teriam transferido seu gado para outros Estados do Sul e Sudeste. Segundo o jornal, o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal, Alvarez Cherubini, estima que só no Paraná entraram 12 mil animais da região dos focos da doença. Mais: no dia 4, cerca de 1.500 animais da raça nelore de uma fazenda de Eldorado foram leiloados na feira Eurozebu, em Londrina. De acordo com a assessoria da Sociedade Rural do Paraná, o gado foi arrematado por pecuaristas do Paraná e de São Paulo. Agora só resta procurar o gado e torcer.

Renan em guerra
Presidente do Senado, Renan Calheiros (foto) está tiririca com a ação movida pelo governo contra o aumento de 15% para os funcionários do Legislativo. Na quinta-feira 20, ele recusou até um convite para almoçar com o presidente Lula. Na terça-feira 18, um deputado e um presidente de estatal que estiveram com Renan contaram ter ouvido dele, ao recusar atender a telefonema do ministro Jacques Wagner: “Não falo com esses canalhas.”
 
 
Lama no ventilador
Do encontro de Renan Calheiros com o deputado e o presidente da estatal também participou um senador. Todos saíram estarrecidos. Renan esbravejava: “Tudo que o governo combinou comigo não foi cumprido. Depois fazem essa Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra os 15% sem me avisar. E ainda pedem para eu segurar os documentos do Banestado. Vou mandar tudo para as CPIs!”

Aldo, o religioso
Depois de soltar um “Pelo amor de Deus!” em plenário, o comunista Aldo Rebelo (foto) resolveu fechar acordo com
as bancadas católica e evangélica. Prometeu defender, como presidente da Câmara, um plebiscito sobre a legalização do aborto.
 
 
Mercadante X Dirceu
O líder do Governo no Senado, Aloizio Mercadante, e o deputado José Dirceu estão vivendo uma guerra particular. Nos bastidores do PT, Dirceu carimbou Mercadante como seu maior algoz no partido e o articulador dos acordos para abafar as denúncias contra o PSDB na CPI dos Correios, em troca da blindagem de Lula.
 
 
Rápidas

• O vice-presidente José Alencar vai mesmo deixar o comando do Ministério da Defesa. Lula já procura um substituto. Entre seus favoritos para a Pasta está o presidente da Infraero, Carlos Wilson.

• Pauta de prioridades de Aldo Rebelo para serem votadas na Câmara ainda este ano: aumento dos salários dos militares; restrições ao troca-troca de partidos; o fim da verticalização nas alianças eleitorais; e o estatuto das microempresas.

• Era para ter sido votado em dezembro de 2004 no Senado o projeto que autoriza um empréstimo de US$ 30 milhões do Bird para comunidades carentes do Maranhão. Mas os aliados do ex-presidente José Sarney simplesmente não deixam.

• É que Sarney está em guerra com o governador de seu Estado, José Reinaldo Tavares. Por conta disso, seus aliados têm pedido sucessivamente vistas, adiando a votação do projeto. O Bird deu prazo até 18 de novembro para sua aprovação.

• O PT já aceita acabar com a verticalização nas alianças para as próximas eleições. Lula convenceu-se de que o PMDB terá candidato e acha que o fim da verticalização ajuda a rachar o partido.