Foi preciso chegar aos 50 anos para que a Petrobras pudesse receber no edifício-sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro, a visita de um presidente da República. Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Petrobras acompanhado da primeira-dama, Marisa, e de ministros de Estado, além da governadora do Rio, Rosinha Matheus. Lula foi recebido em clima de comoção pelos funcionários da estatal. A festa de aniversário da Petrobras começou com um discurso emocionado do seu presidente, José Eduardo Dutra. Lançando mão do samba-enredo Aquarela brasileira, do sambista Silas de Oliveira, Dutra exaltou as vitórias da estatal e ainda entregou um crachá ao presidente. Sem perder o bom humor que o fez brincar com o crachá, questionando se poderia receber salário, Lula deu um puxão de orelha no executivo: “No lugar de fazer discurso, ele está é fazendo política com música.”

A Petrobras, na verdade, sempre atuou como instrumento de política. Desde que surgiu, na era do rádio, tempo em que as cantoras Marlene e Emilinha Borba guerreavam na disputa pelo trono de Rainha. Foi no rádio, no programa oficial do governo Voz do Brasil, em 3 de outubro, que o presidente Getúlio Vargas, diretamente do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, anunciou aquela que viria a ser a maior empresa do País, a Petróleo Brasileiro S.A., Petrobras, criada para executar as atividades do setor de petróleo em nome da União. Getúlio Vargas morreu por conta própria um ano depois. O Brasil tinha João Goulart como ministro do Trabalho, orgulhava-se de o filme O cangaceiro, de Lima Barreto, ter vencido o Festival de Cannes.

Passadas cinco décadas, a Petrobras comemora 50 anos pronta para realizar o sonho de Getúlio: a auto-suficiência de produção, prevista para 2006, quando a empresa já estará no ranking das maiores companhias petrolíferas do mundo. A empresa, que começou produzindo 2.600 barris por dia, em 1997 ingressaria no seleto grupo de 16 países que produzem mais de um milhão de barris de óleo por dia. Hoje produz 1,59 milhão/dia e fechou o primeiro semestre do ano com lucro superior a R$ 9,37 bilhões, um ótimo resultado que ultrapassou o total dos lucros da empresa nos 12 meses de 2002: R$ 8,09 bilhões. Empresa de capital misto, a gestão da Petrobras está nas mãos do governo federal, que, como principal acionista, indica diretores.