Maquiavel à esquerda
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, tem sido acusado, nos corredores do Congresso e da Esplanada dos Ministérios – pelo seu estilo trator e por sua militância na esquerda –, de ser stalinista. É uma acusação absolutamente injusta. Ao longo de sua respeitável história, Dirceu nunca foi stalinista. E, no exercício do poder, tem mostrado um talento muito mais para Nicolo Machiavelli do que para Josef Stalin. Foi ele, por exemplo, quem aconselhou o presidente Lula a se aproximar do senador tucano Tasso Jereissati. José Serra e Fernando Henrique Cardoso tremem a cada encontro de Lula com Tasso no Alvorada. É de Dirceu também a idéia de rachar o PSDB e o PFL. Os dois partidos haviam montado uma aliança oposicionista no Congresso. Agora o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, anda tiririca com os tucanos. Não só pelo fato de o PSDB ter votado a favor das reformas, por obra e graça de Dirceu. Mas também porque, nos Estados, prefeitos pefelistas abandonaram em massa o partido e se filiaram ao PSDB. Em Goiás, Bornhausen identificou o dedo de Dirceu. Vinte e três dos 32 prefeitos do PFL foram para o PSDB.

Pirataria nas estradas

A CPI da Pirataria convocou para depor esta semana o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Hélio Cardoso Derene. Os deputados querem saber por que o diretor baixou norma proibindo a fiscalização de ônibus estrangeiros que fazem linhas internacionais. Esta é uma das mais eficientes formas de entrada do contrabando no Brasil.

Corda no pescoço

Vai aí uma das explicações do porquê de os parlamentares adorarem os governos. Qualquer governo. No Congresso, só há agências de bancos oficiais: o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Pois bem: pelo menos 600 deputados e ex-deputados estão pendurados em dívidas com os dois bancos que funcionam no Parlamento e as outras três financeiras credenciadas para fazer empréstimos e descontar os pagamentos direto na folha de salários.

Maracutaia que nunca acaba

Do extenso relatório entregue pelo TCU ao presidente do Senado, José Sarney: uma em cada duas obras fiscalizadas nos ministérios dos Transportes e da Integração Nacional contém irregularidades. Os auditores do Tribunal examinaram 92% dos projetos de grandes obras previstos no orçamento da União. Talvez o melhor exemplo de obra inacabada seja o da Ferrovia Transnordestina. O projeto prevê malha de 1,9 mil quilômetros para permitir a integração do Nordeste e a articulação com o rio São Francisco: “Sua construção teve início ainda no império e continua inconclusa, a desafiar administrações e gerações”, informa o TCU.

Nova agência petista

Líder do PMDB na Câmara durante o governo FHC, o deputado Geddel Vieira Lima (BA) está comemorando a escolha da Link Publicidade para fazer a campanha do petista Nelson Pellegrino a prefeito de Salvador: “Viviam me acusando de ser dono da Link. Agora que ela está trabalhando para o PT ninguém vai repetir essa história.”

Mudanças

Michel Temer é o favorito na corrida para o cargo de líder do PMDB, caso o atual líder, Eunício Oliveira, seja ungido ministro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O problema é que Lula e o PT acham Temer próximo demais dos dissidentes do PMDB.

Rápidas

• O Palácio do Planalto pediu à cúpula do PMDB que o senador Garibaldi Alves Filho (RN) sumisse do noticiário. Ele é o preferido para assumir alguma pasta na reforma ministerial.

• O consultor-geral da República, João Francisco Drumond, pediu demissão. Nada demais. Disse que só não aceita mais trabalhar com o advogado-geral Álvaro Costa. Sairá de fininho.