Um grupo de apaixonados pela profissão cria, em São Paulo, a primeira faculdade de arquitetura composta só por arquitetos na ativa: a Escola da Cidade. Com um quadro de notáveis, como Ciro Pirondi, Geraldo Vespaziano Puntoni, Paulo Brazil Sant’anna, Rafic Farah, entre outros, a faculdade é a primeira nestes moldes no Brasil e pretende ser uma referência em arquitetura e urbanismo. "Nossa experiência dentro e fora da sala de aula nos permitiu criar uma proposta inovadora que é ensinar não só a construir, mas a entender o papel social do arquiteto. Isso ultrapassa a sala de aula", explica o diretor Ciro Pirondi.

A faculdade, planejada desde 1996, abrirá suas portas em março. E nasce bem cotada. Autorizado pelo MEC, o projeto recebeu nota dez do órgão. As inovações começam pelo processo seletivo para as 60 vagas, cujas inscrições se encerram no dia 18. A peneira será feita em duas etapas. Na primeira, haverá uma prova dissertativa. "Não será exigido domínio de conteúdos de disciplinas específicas, como matemática ou física. O que será analisado é a capacidade de articulação e aplicação de conhecimentos", explica Paulo Brazil, um dos coordenadores do curso. Na segunda etapa, os alunos farão uma prova de aptidão. "Avaliaremos a capacidade em desenho, mas também o potencial de expressão e a estrutura lógica de raciocínio." Ou seja, o candidato terá que mostrar que, além de criar uma obra bonita, leva em conta as necessidades e condições da área.

Quem passar no exame colocará a mão na massa logo no primeiro ano do curso por meio de parcerias feitas com os institutos Itaú Cultural, Lina Bo e P.M. Bardi, Sou da Paz, Trip, Camargo Corrêa e as fundações Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas. O trabalho conjunto resultará em benefícios para a periferia da capital paulista. "São regiões que necessitam de tudo. De projetos básicos de habitação a construções de área de lazer", garante Newton Massafumi Yamato, coordenador do núcleo de pesquisa da faculdade. A localização da instituição também é privilegiada. "No centro de São Paulo temos duas grandes fontes de estudo: as grandes construções históricas, com sua riqueza cultural, e a degradação do espaço urbano apresentada pelos cortiços e pela construção desordenada de prédios", explica Yamato.

Os recursos para a manutenção do curso não virão apenas das salgadas mensalidades de R$ 950, mas também de empresas. O aporte da iniciativa privada viabilizará a inclusão de alunos com poucos recursos. "Teremos bolsas de estudos patrocinadas por empresas", garante Paulo Brazil. Em sua formação, os alunos também poderão se beneficiar de vínculos acadêmicos com universidades internacionais como a Escola Federal de Lausanne (Suíça), Universidade de Viena (Áustria) e a Escola Técnica de Arquitetura de Barcelona (Espanha)