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POPULAR Para Eri Johnson, Zé da Feira faz sucesso porque é alegre e tem carisma

Além de se empenhar para manter a atual boa audiência da novela Duas caras até o seu último capítulo no dia 30 de maio, a Rede Globo se impôs um novo desafio: transformar o personagem Zé da Feira, pagodeiro e sambista interpretado pelo ator Eri Johnson, num cantor de sucesso no mundo real – ou seja, vai ser lançado no mercado um CD de Eri Johnson com o pseudônimo de Zé da Feira. O projeto, que está sendo avaliado pela gravadora Som Livre (braço musical da emissora), é lançar esse CD com as músicas que o personagem canta em cena – compostas pelo autor da novela, Aguinaldo Silva (letras), em parceria com o produtor musical Victor Pozas. Assim, há um novo cantor, quem sabe um novo ídolo, sendo fabricado pela Globo. Motivo desse investimento: Zé da Feira, o campeão de cartas de elogios dos telespectadores. Quem mais acredita na musicalidade do personagem é o seu próprio intérprete: Eri Johnson não se cansa de repetir que o pagodeiro é fruto de uma combinação que é a cara do Brasil. "Ele é alegre, fala de samba e tem carisma", diz o ator. Em cartaz com a peça Alarme falso e com o filme Sexo com amor, Johnson conta que, apesar de já ter vivido personagens populares em outras novelas, experimenta agora um assédio inédito: "Por onde passo, escuto trechos das músicas, recebo CDs e ouço histórias de pessoas parecidas com Zé da Feira."

Fonte de inspiração do personagem, o cantor Zeca Pagodinho aprova o interesse da gravadora e a performance do ator: "Primeiro, disseram que o CD sairia. Depois, que seria apenas fictício. Fico muito feliz com a idéia e, se acontecer, participo, ajudo a produzir e até a vender se for preciso." Para o crítico de televisão Antônio Brasil, professor de jornalismo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a fabricação de ídolos como Zé da Feira nasce da relação de cumplicidade entre público e mídia. "A televisão testa o que cai no gosto do público e faz as suas apostas. Mas não há uma fórmula de sucesso. Se alguém se tornou ídolo é porque houve uma forte comunicação com o público, e muita sorte", diz ele.

O lançamento de um CD de um personagem de ficção, segundo Brasil, segue a mesma tendência que há por trás da multiplicação do número de reality shows – onde criam-se famosos de apenas 15 minutos ou famosos que passam mesmo a sobreviver na carreira artística. "Todo produto associado a um astro aumenta a sua ligação com o público. O fato de Eri Johnson não ser um cantor por excelência não faz tanta diferença", diz ele. Já o ator, que costuma dar canjas em shows de amigos, conta que toparia esse desafio pelo personagem que tanto gosta de fazer. Johnson, dessa forma, embarca nessa experiência na base do "deixa a vida me levar, vida leva eu". E, se depender das palavras de Zeca Pagodinho, a coisa pode dar muito certo: "Eu também não era cantor e estou aqui. Por que não ele?"

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 O sambista Zé da Feira (acima) foi inspirado em Zeca Pagodinho