Corria os anos 40. Era uma época em que o País fervilhava. Os ideais desenvolvimentistas começavam a germinar. Num discurso histórico, a bordo do encouraçado Minas Gerais, o presidente Getúlio Vargas, que tinha transformado o sonho da primeira siderúrgica brasileira em plataforma de governo, anunciou para o alto comando militar que o Brasil ficaria do lado dos alemães na Segunda Guerra Mundial. Era uma espécie de ameaça velada para que os Estados Unidos apoiassem financeiramente os projetos de Vargas. O presidente americano Franklin Roosevelt entendeu o recado e abriu os cofres. Liberou um financiamento de US$ 20 milhões. Nascia assim a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em 9 de abril de 1941. A festa de aniversário está sendo comemorada em forma de livro: Janelas abertas.

Cerca de 100 fotos produzidas por 21 fotógrafos de jornais e revistas retrataram essas seis décadas de vida. Hoje, a CSN é uma senhora sexagenária, lipoaspirada e cheia de vitalidade. Com uma produção anual de 5,3 milhões de toneladas de aço bruto, a empresa é considerada o maior complexo siderúrgico da América Latina. Com a compra de uma relaminadora americana, de Indiana, a empresa deu os primeiros passos, no ano passado, a caminho de sua internacionalização. É essa jovialidade que está retratada na publicação. "Esse livro mostra as múltiplas faces da nossa empresa, com registros históricos intencionalmente inseridos para que não se perca no tempo", comemora a diretora-presidente da empresa, Maria Sílvia Bastos Marques.

Administrando um lucro recorde de US$ 840 milhões, registrado em 2000, a CSN nem sempre foi uma galinha dos ovos de ouro. Antes de trocar de status, mudando de estatal para privada, a CSN amargou anos de prejuízo: R$ 12,4 milhões, em valores atualizados, de 1979 a 1992. Acostumada com o estilo produtor e provedor do Estado, a CSN teve que se adaptar ao estilo liberal que tomou conta da economia nos anos 90. Inserida no Programa Nacional de Desestatização, a empresa foi privatizada em 1993.

Nascida sob a égide do Estado, foram 52 anos vivendo à custa do governo. "O desafio da privatização não era pequeno", lembra Maria Sílvia. Sob o controle do grupo Vicunha, a siderúrgica passou por uma operação plástica que lipoaspirou suas gorduras. O número de empregados caiu de 15 mil para 9,3 mil empregados, enquanto o lucro cresceu para R$ 14,2 bilhões. Lá se vão 60 anos desde a festa realizada na Fazenda Santa Cecília, que acabou dando lugar à usina de Volta Redonda, na região sul fluminense. Esse gigantismo está retratado em cada uma das fotos