O juiz Leonardo Castro Gomes, da 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio, fez história e criou um marco no direito na terça-feira 8. Ele deu a guarda provisória do filho de Cássia Eller, Francisco – o Chicão, de oito anos – a Maria Eugênia Vieira, companheira da cantora há 14 anos. A trágica morte de Cássia levantou dúvidas sobre o destino de Chicão, já que a legislação brasileira não reconhece a união entre homossexuais e o pai da cantora, Altair Eller, abriu a polêmica ao anunciar para ISTOÉ sua disposição de ficar com o neto e ser tutor dos bens do menino. “Acredito que a batalha na Justiça pela guarda do Chicão será inevitável”, anunciava ele. Três dias depois, recuou da decisão e tornou tudo mais fácil para Eugênia, conforme o desejo de Cássia quanto ao futuro do filho. “A decisão de Gomes foi um precedente importantíssimo, o juiz deve ter a coragem de preencher as lacunas da lei”, elogia a juíza Sheila Bierrenbach, professora da Escola de Magistratura do Rio de Janeiro.

A decisão do juiz, que substitui o colega Siro Darlan, seguiu a linha que ele antecipou na última edição de ISTOÉ. “Um dos fatores mais importantes numa questão como essa é a vontade da criança”, disse, na ocasião. Carla e Cláudia Eller criticaram a postura do pai. “Ele não sabe nem o nome dos netos, que são nove. A gente só está falando para desmentir o que ele vem dizendo. Quem está querendo dinheiro e tirar o menino da Eugênia é ele. Agora, uma coisa ele não falou: ele tem 16 filhos. Ele quer cuidar de quem se não cuida dos filhos que botou no mundo? Ele só ligava para cá porque a Cássia dava dinheiro a ele,” disse Cláudia. Sobre uma possível batalha jurídica, Carla foi taxativa: “Já está definido. Chicão fica com Eugênia e acabou. É uma vontade dela, do Francisco, e isso sempre foi dito pela Cássia. Ela faz parte da família. Para a gente não faz diferença ser homossexual.”

Revelação – O depoimento mais importante tomado pela polícia foi o da percussionista Elaine Moreira, a Lan Lan, que levou a cantora à Casa de Saúde Santa Maria. Na quinta-feira 10, ela disse que encontrou Cássia na manhã de sábado deprimida e alcoolizada. Ela percebeu que uma secreção branca escorria de seu nariz. “Cheguei a alertar os médicos que ela poderia ter usado cocaína. Depois, um deles disse que a própria Cássia admitiu ter usado um grama de cocaína”, disse Lan Lan. Quanto às declarações do pai da cantora, que levantou a possibilidade de a filha ter morrido por homicídio devido a uma “triangulação amorosa”, a percussionista o desculpou. “É tudo fantasia. Compreendo o desespero de um pai que tinha acabado de perder a filha.”

 


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