O inverno mal terminou, mas as altas temperaturas deste início de primavera levam à pergunta: que biquíni escolher para este ano? Pois as brasileiras podem comemorar. Após muitas temporadas de valorização dos seios, o verão 2004 volta a ter enfoque na preferência nacional, o bumbum. É claro que o colo continua a receber atenção, mas as coleções das principais grifes de moda praia não deixam por menos. Calcinhas pequenas e de cós muito baixo são o hit da estação. “As mulheres daqui sempre tiveram a preocupação de valorizar os quadris”, diz Amir Slama, proprietário da grife paulista Rosa Chá. “Na década de 80 minhas clientes chegavam a pedir biquínis que diminuíssem os seios. Mas de uns anos para cá esse quadro se inverteu de tal maneira que os bumbuns das brasileiras, tão famosos, ficaram esquecidos. Quis balancear as coisas este ano”, completa ele. Slama acabou de desfilar sua sexy coleção na semana de moda de Nova York. As peças, inspiradas em figuras brasileiras folclóricas como o Boto, a Iara, o Saci-pererê e o Curupira são ousadas e deixam o derrière quase inteiro à mostra. “As calcinhas estão muito abaixo do umbigo e as peças têm bastante cor: muito amarelo, laranja e rosa”, afirma Slama, que produz por ano 350 mil peças (cerca de 20% delas destinadas à exportação).

O cor-de-rosa foi também a principal escolha da Cia. Marítima, de São Paulo, uma das maiores marcas de moda praia nacional, com 600 mil unidades produzidas por ano. “A pele dourada do sol fica ainda mais bonita com cores vibrantes. Por isso mesmo o pink e o turquesa são nossos campeões de venda”, afirma Fabiana Kherlakian, diretora de criação da marca. A inspiração para o próximo verão são Brigitte Bardot e os anos 60, com seus biquínis baixos, que deixam o “cofrinho” de fora. O glamour da época também está presente nos acessórios irreverentes, como pingentes em forma de gatinhos e porta-celulares com estampa psicodélica. A marca carioca Salinas também aposta na mistura de estampas, no cor-de-rosa e, é claro, no cós baixo. “A cintura foi descendo de maneira gradual, ano a ano. Para 2004 ela vai vir mais baixa do que nunca!”, entusiasma-se Jackeline De Biase, proprietária da grife. Assim como a Cia. Marítima, ela apresenta desenhos de temática infantil, como bonecas e gatos. “São, na verdade, descombinações que funcionam muito bem para as brasileiras”, acredita.

Mas será que essa cintura baixíssima funciona mesmo para quem está um pouco acima do peso? Paola Robba, estilista da grife paulista Poko Pano, acredita que não. “É claro que as peças caem muito melhor em mulheres magras, mas isso não significa que as gordinhas não possam usar. Para elas, criamos modelos com a lateral mais grossa e o cós um pouco mais alto”, diz. Paola afirma que essa moda não se restringe aos biquínis. “É uma tendência mundial, as calças também estão cada vez mais baixas. Mas nem por isso deixamos de valorizar os seios.” A marca, que produz cerca de 400 mil unidades por ano, apostou em um verão sexy e glamouroso, com peças que vão desde o preto e branco até o colorido cheio de estampas. E engana-se quem pensa que essa modelagem não irá agradar ao mercado externo, geralmente mais recatado. Além do êxito da Rosa Chá no Exterior, a grife carioca Rygy deve exportar 100 mil peças (além das 200 mil destinadas ao mercado interno) e tem, entre outros clientes, as badaladas marcas americanas Victoria’s Secret e Bloomingdale’s. “Lá fora, as peças mais valorizadas são aquelas com acessórios bem brasileiros, como pedras coloridas e búzios”, conta a proprietária Regina Aragão.