Os olhos azuis e vivos da princesa Benedikte, da Dinamarca, 61 anos, demonstram um interesse de menina pela diversidade brasileira. Em sua primeira visita ao País, Sua Alteza Real cumpriu uma agenda repleta de encontros em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília. Quinta na sucessão do trono da casa real dos Glücksborg, desde os 21 anos a princesa assume o posto de regente quando sua irmã mais velha, Margrethe II, atual rainha da Dinamarca, e seus dois filhos se ausentam do país. Veio ao Brasil a convite da Federação de Bandeirantes do Brasil (FBB), que há 86 anos desenvolve ações educativas com seis mil crianças e jovens em 12 Estados brasileiros. A FBB representa no Brasil a Olave Baden-Powell Society, da qual a princesa é patronesse. Essa ligação talvez explique sua vivacidade. A princesa encontrou-se com empresários e personalidades, mas na maior parte do tempo esteve cercada por crianças e jovens bandeirantes. Conheceu projetos comunitários desenvolvidos pelo movimento. Ela passa um terço do ano em viagens pelo mundo. “Esse posto herdei de minha mãe, a rainha Ingrid. Ela foi protetora deste movimento”, explica Benedikte, que na adolescência também foi uma bandeirante.

A associação internacional Olave Baden-Powell apóia a Associação Mundial de Bandeirantes, que congrega dez milhões de participantes e tem como objetivo dar voz a meninas e jovens mulheres no mundo. No Brasil, o movimento atende meninos e meninas, mas no mundo é predominantemente feminino, tornando-se estratégico em países árabes, africanos e asiáticos, nos quais a igualdade de direitos entre homens e mulheres é quase ficção. O esforço para a formação de lideranças femininas nessas localidades rendeu ao movimento uma cadeira na Organização das Nações Unidas. A curiosidade da princesa Benedikte pelo Brasil foi despertada pelo dinamarquês Jens Olesen, presidente da McCann Erickson Publicidade. Olesen é um cavaleiro da coroa dinamarquesa. Foi condecorado duas vezes, em 1980 e em 1993, por serviços prestados ao seu país e por incentivar as relações entre Brasil e Dinamarca. “Precisamos investir nos jovens do Brasil”, defende o cavaleiro.

O idealismo de Olesen e das jovens bandeirantes se juntará ao colar de pedras brasileiras e aos livros de fotos que a princesa levará como lembranças do Brasil. Ela também, por certo, não esquecerá a passadinha rápida pela Pinacoteca de
São Paulo (definida como “imperdível”) e o gostinho do bolo de fubá e da cozinha típica de fazenda, que experimentou nos poucos momentos de descanso que passou no interior de São Paulo.