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ANTES E DEPOIS
No alto, “Pele”, em 1990. Abaixo, a obra hoje, em restauração

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Assim como a pele humana que envelhece, uma obra de arte também sofre com o avanço dos anos. O objeto “Pele”, realizado em 1990 pela artista Anna Barros, sugeria, por meio do caimento de uma manta de látex, a dobradura da pele na escultura “Balzac”, feita pelo mestre Auguste Rodin em homenagem ao escritor francês. Hoje, o látex ressecado se estende cheio de máculas ao lado de outras 19 obras que integram a mostra “MAC em Obras”. Mais do que simplesmente exibir o acervo, a ideia da curadoria é criar uma plataforma de discussão que revele ao público os problemas relativos à conservação e restauração na arte contemporânea. “O que a exposição explicita é que existe todo um processo museológico que muitas vezes não chega ao público”, explica Cristina Freire, curadora do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, que futuramente ganhará nova sede no antigo edifício do Detran, em frente ao Parque Ibirapuera.

Até novembro, o público poderá acompanhar o processo de restauração das 20 obras no próprio espaço expositivo. Os trabalhos estão organizados em quatro eixos temáticos que apresentam problemas de conservação específicos. “Pele” (foto), presente no eixo “Restaurar/Preservar”, possui problemáticas inerentes ao tipo de material usado. O látex é extremamente perecível e de difícil conservação. Dessa forma, a equipe de restauradores coloca a questão: trocar a manta de látex desgastado ou manter o material original? “O correto é mostrar o material como uma pele velha que não pode ser substituída”, responde a artista Anna Barros, que participa no dia 30 de uma série de encontros abertos ao público. As outras categorias são “Documentar/Exibir”, reunindo obras com problema de catalogação, “Reproduzir/Exibir”, com trabalhos que apresentam restrições relativas ao espaço expositivo, e “Preservar/Exibir”, peças que possuem empecilhos de restauração. “O debate sobre como preservar a arte contemporânea é plenamente rico e cheio de implicações dúbias: deve-se preservar apenas o objeto ou a concepção do artista?”, pergunta Cristina Freire, que quer apresentar o museu como um espaço participativo e aberto a indagações.