Nesses 25 anos de existência, o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar), brigou com os poderosos da ditadura militar, no final da década de 70; defendeu com unhas e dentes a liberdade de expressão e de imagem; e tirou muito comercial do ar que vendia gato por lebre, para proteger os consumidores. A cada ano, o Conselho se fortalecia e, em alguns momentos, foi um dos maiores opositores à censura prévia e um intransigente defensor da ética e da liberdade na publicidade. Desde a criação do primeiro código de auto-regulamentação da propaganda brasileira, em 1978, foram abertos mais de cinco mil processos – metade deles resultou em correção ou retirada do comercial ou anúncio. “Otto Lara Rezende dizia que no Brasil as leis são como vacinas: umas pegam, outras não. No caso da auto-regulamentação, que não é uma lei, ela virou vacina”, lembra Gilberto Leifert, atual presidente do Conar e diretor da Rede Globo.

Com 50 artigos, 19 anexos que disciplinam as normas éticas de anunciantes e agências de propaganda, e 130 integrantes encarregados de avaliar possíveis transgressões ao código, o Conar virou referência quando o assunto é disciplinar publicidade desde que passou de código a Conselho, em 1980. “Se houvesse um Conar para a propaganda política, certamente estaríamos nas mãos de melhores governantes e de melhores representantes no Congresso Nacional”, compara o jornalista Ari Schneider, autor do livro Conar 25 anos – ética na prática, lançado na quinta-feira 20, em São Paulo. Não faltou polêmica na trajetória do órgão. Desde a primeira briga envolvendo marcas de bronzeadores, em 1979, passando pelo anúncio que discriminava a categoria das secretárias, até as recentes disputas entre as operadoras de telefonia, o Conselho tem se pautado pela ética e tem sido atendido pelas empresas que prontamente se submetem às normas do código. “Não obrigamos nada. Nos valemos da força moral do mercado e da disposição dos veículos em acatar as ordens do Conar”, diz Leifert. E assim tem sido.