25/05/2011 - 15:38
A queda do preço do etanol no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe praticamente dobrou entre a segunda e a terceira quadrissemana de maio, passando de 4,32% para 8,52% entre as duas medições. Com isso, o combustível, sozinho, subtraiu quase 0,05 ponto porcentual do IPC e passou do quarto lugar na lista de maiores fatores de alívio para o índice na semana passada para a primeira posição agora.
A gasolina, por outro lado, continuou liderando a relação das maiores pressões de alta dos preços, mas sua alta diminuiu de intensidade, passando de 6,20% na segunda quadrissemana para 5,03% na terceira. Sozinha, a gasolina agregou 0,13 ponto porcentual ao IPC, o que significa 28% do nível de 0,47% registrado pelo índice cheio.
Um levantamento da Fipe que leva em conta apenas uma coleta semanal – e não quadrissemanal – de preços de combustíveis apontou ainda que a relação entre o preço médio semanal do álcool e o da gasolina recuou de 69% para 63% entre a segunda e a terceira semanas do mês.
O coordenador do IPC, Antonio Evaldo Comune, explicou que a redução de sua estimativa para o índice ao final deste mês, de 0,40% para 0,37%, foi puxada sobretudo por Transportes, para o qual a previsão passou de 0,33% para 0,21%. "Além disso, algumas altas que eu previa não vieram na intensidade esperada", acrescentou o economista, referindo-se a aluguel e feijão. "De todo modo, a inflação vai baixar ainda mais a partir de junho, ajudando a trazer o índice ao final do ano para uma faixa de 6% a 6,5%. Não obstante, temos de ficar preocupados com a indexação", afirmou ele.
Comune acredita que o movimento de queda dos preços do etanol deve atingir o pico em julho, quando o recuo deverá ser maior que 10%. "A safra começou mais tarde este ano e deve durar mais tempo. Por isso, enquanto no ano passado o pico de queda foi em junho, neste ano deve ocorrer em julho. Temos pela frente ainda um longo período de tranquilidade para os preços do álcool e eu diria até para os combustíveis de maneira geral", apontou ele.
Comune alertou, no entanto, que essa questão está apenas momentaneamente resolvida e que no ano que vem o quadro poderá piorar. "Na melhor das hipóteses, será igual ao que vimos neste ano. Não houve expansão de área plantada e a demanda por álcool será maior. Para resolver esse descompasso estrutural entre oferta e demanda leva-se de dois a três anos", afirmou ele, à medida que os investimentos anunciados no setor vão sendo colocados em prática.