Todo dia Pedro Paulo Reis Neves faz tudo sempre igual. Levanta antes das galinhas para tirar o leite de suas cabras. Elas dividem com ele e a família um sítio em Curuatá de Fora, no município de Cabaceiras, coração do Cariri paraibano, onde se registra o menor índice pluviométrico do Brasil. Tudo pronto, ele põe um galão com pouco mais de 20 litros e atravessa muito chão para entregar seu sustento de cada dia na usina do município e garantir, por tabela, o leite de 440 crianças da região, com menos de seis anos, beneficiadas pelo programa Leite da Paraíba, menina-dos-olhos do governo do Estado. Em parceria com o governo federal, a produção leiteira (de cabra e de vaca) da Paraíba, em menos de dois anos, aumentou 276%, passando de 20 mil litros para pouco mais de 120 mil.

Pedro agradece a Deus, em primeiro lugar, por ter conseguido entrar no projeto que beneficia 2.641 pequenos produtores e atende a uma demanda de 100 mil crianças. Os produtores recebem R$ 1 pelo litro de leite de cabra e R$ 0,70 pelo de vaca entregues nas 23 usinas espalhadas pelo Estado. Esses valores são subsidiados, assegurando um preço mínimo, o que faz transformações visíveis na vida de cada um. Pedro “trabalhava alugado”, ou seja, para outra propriedade rural. E recebia mensalmente, por oito horas de batente, R$ 150. Hoje, ele ganha R$ 600 por mês com o leite. Foi com essa renda que pegou, no ano passado, um empréstimo no Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf) de R$ 1 mil. Investiu em cabras. Ele não sabe quantas são – por baixo, contamos 100. A maioria ainda não atingiu a idade adulta para começar a produzir. Mesmo assim, já quer antecipar o pagamento do empréstimo para tomar outro, de valor maior. Ele sabe que é um negócio que não vai dar bode.

Geladeira – Na outra ponta do projeto está Severina Gonçalves. De dois em dois dias, ela recebe, no município de São Domingos do Cariri, distante 40 quilômetros por terra de Cabaceiras, aquilo que produz Pedro: leite para o neto e para mais quatro crianças que moram em sítios distantes, onde a luz chegou, mas não há geladeira. Quando vê o carro da usina passar, ela vai para a escola, onde é feita a distribuição. São atendidas 150 crianças. “Fui criada com leite de cabra e farinha. Meu neto toma esse leite desde os seis meses, nunca teve doença, diarréia”, conta Severina.

Na pesquisa ISTOÉ/Databrain, feita entre os dias 15 e 16 de outubro, a gestão de Cássio Cunha Lima (PSDB) é aprovada por 68% (somados ótimo, bom e regular positivo) dos 1.130 entrevistados. Isto se deve, segundo o governador, aos fortes investimentos feitos nas regiões mais pobres da Paraíba, que registra um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,678, um dos mais baixos do País. É para trazer cidadania, emprego e renda que o governo tem investido pesado nas áreas mais carentes, levando luz, cisternas, obras de pavimentação e saneamento básico. Antes do programa Luz para Todos, mais de 28% da área rural paraibana (48 mil pequenas propriedades) era iluminada pelo luar do sertão ou pelos pequenos candeeiros. Só no ano passado, 4,5 mil sítios foram beneficiados e o objetivo é beneficiar 20 mil famílias até 2008.

O programa mudou a vida de Maria Rita, agricultora que vive com 11 pessoas em Serra do Monte. Água gelada e televisão fazem a festa numa localidade onde o sol racha, a água é pouca e a solidão, apesar da algazarra dos netos, é muita. “Eu já tinha visto luz, televisão, mas os pequenos não. Conheciam pouco, só quando iam até a cidade, que é distante. A vinda da luz faz a gente se sentir mais gente”, atesta. Enquanto as águas do São Francisco não chegam para aplacar a seca e dar dignidade às famílias, cisternas com capacidade para 16 mil litros já beneficiam mais de dez mil famílias. Uma delas é a de Afonso e Marlene Costa, mãe de quatro crianças. “Pelejamos, mas conseguimos. A seca aqui é brava, água para beber só pegando muito longe e mesmo assim de cacimbas barrentas, que traziam doença, diarréia. Agora a gente consegue enfrentar o estio com água. Isso é uma bênção”, diz Marlene.

Artesanato – Mas o que tem feito a festa no Estado, quando se fala em geração de emprego e renda é o projeto Paraíba em suas Mãos. Tocado pela primeira-dama, Silvia Cunha Lima, em parceria com o Sebrae, o artesanato do Estado virou, de fato, uma atividade econômica, dentro e fora do País. O projeto revolucionou a vida de artistas, como a de Guariguaci de Lima Tavares, pai de dois filhos. Ele começou transformando cabos de vassouras em bonecos, que eram vendidos a preços módicos em feiras livres. Depois de descoberto e cadastrado, faz exposições por todo o País e suas peças estão sendo vendidas para o Exterior. Uma obra de Guari hoje não custa menos de R$ 400. Com seu jeito simples, ele se espanta – “Antes a preocupação era pôr comida em casa. Fico besta quando vejo uma peça minha vendida por esse preço” – e, com simplicidade, ensina o ofício: “Eu vejo uma raiz, um tronco que estão mortos e eles ressuscitam na mão de um simples artista. Hoje tem parte de mim na França, na Espanha, em todo lugar.”

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