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Benjamin Netanyahu, premiê de Israel

O discurso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu no Congresso americano não deixa outra alternativa aos palestinos "a não ser ir à ONU em setembro" para exigir o reconhecimento de seu Estado, declarou nesta terça-feira à AFP um negociador palestino. "Após o discurso de Netanyahu, os palestinos não tem outra escolha: ir à ONU em setembro" na Assembleia Geral, considerou esse negociador, Mohammad Chtayyeh.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu nesta terça-feira uma "oposição firme" ao reconhecimento de um Estado palestino na ONU, em um discurso feito no Congresso americano, onde foi aplaudido em diversas ocasiões. "A tentativa palestina de impor um acordo pela via das Nações Unidas não trará a paz. Precisamos que todos que quiserem que este conflito termine se oponham firmemente", disse o primeiro-ministro.

Em seu discurso desta terça-feira, Netanyahu também descartou que Israel vá negociar com o movimento palestino Hamas, que é "a versão palestina da Al-Qaeda" e "não é um sócio para a paz". "A paz só pode ser negociada com sócios comprometidos com a paz. E o Hamas não é um sócio para a paz", disse o primeiro-ministro israelense aos legisladores americanos.

Mais tarde, os palestinos acusaram Netanyahu de "acrescentar obstáculos à paz", em uma declaração do porta-voz de líder da autoridade palestina, Mahmoud Abbas à AFP. "Não há nada de novo no discurso de Netanyahu, a não ser que acrescenta obstáculos no caminho de uma paz verdadeira, séria, duradoura e global", lamentou Nabil Abu Rudeina.

O porta-voz reafirmou que a paz exige referências internacionais como as fronteiras de 1967 como base das negociações e que os palestinos "não aceitam nenhuma presença israelense no Jordão", no interior de seu futuro Estado. Em seu discurso desta terça, o primeiro-ministro de Israel reiterou que seu país não aceitará voltar às fronteiras de 1967, que classificou de "indefensáveis". "Israel será generoso quanto ao tamanho do Estado palestino, mas seremos muito firmes quando se tratar do traçado da fronteira. Este é um princípio importante", assegurou o chefe de governo israelense aos legisladores americanos, reiterando sua recusa em aceitar um retorno às linhas do armistício de 1967.

O discurso

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu advertiu nesta terça-feira (24) que alguns assentamentos judeus ficarão fora das fronteiras de Israel em um futuro acordo de paz com os palestinos. "O status dos assentamentos será decidido apenas nas negociações, mas também temos que ser honestos. Assim, hoje estou dizendo algo que todos aqueles que são sérios sobre a paz têm que dizer publicamente", disse aos legisladores americanos.

"Em qualquer acordo de paz real, em qualquer acordo de paz que ponha fim ao conflito, alguns assentamentos ficarão fora das fronteiras de Israel." Ele afirmou ainda que o país nunca deixará de buscar a paz no Oriente Médio, e que o país está disposto a assumir "compromissos dolorosos" para alcançá-la, durante um discurso no Congresso dos Estados Unidos.

"Os acordos de paz entre Israel, Egito e Jordânia são vitais, mas não suficientes. Temos que encontrar uma forma de forjar a paz duradoura com os palestinos", disse Netanyahu. "Estou disposto a assumir compromissos dolorosos para alcançar esta paz histórica. Como líder de Israel, é minha responsabilidade guiar meu povo no caminho da paz", emendou.

No entanto, advertiu que as negociações para chegar a um acordo de paz haviam fracassado nas últimas décadas porque os palestinos não estavam dispostos a aceitar um Estado judeu. "Os senhores veem, nosso conflito nunca foi acerca da criação de um Estado palestino", insistiu Netanyahu. "Sempre foi pela existência do Estado judeu", acrescentou.

O primeiro-ministro israelense também agradeceu ao presidente americano, Barack Obama, por seu "férreo" apoio para assegurar a segurança de Israel. "O senhor tem sido muito generoso em nos dar as ferramentas que nos permitem defender Israel por nós mesmos", disse Netanyahu, depois de ser calorosamente recebido quando chegou a discursar ante uma sessão conjunta do Congresso.

"Obrigado a todos e obrigado ao senhor, presidente Obama, por seu férreo apoio à segurança de Israel", acrescentou. "Sei que os tempos econômicos são difíceis. Aprecio isto profundamente", emendou. Obama lembrou no domingo que a ajuda financeira americana para a defesa de Israel havia alcançado níveis recorde durante sua predidência.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ante o Congresso americano, que Israel seria generoso com o tamanho de um Estado palestino, mas não voltaria às fronteiras de 1967, nem dividiria a cidade de Jerusalém.

Interrupção 

Netanyahu chegou a ser interrompido por uma manifestante contrário à política israelense nos territórios ocupados. Alguns minutos depois do início do discurso, uma mulher que estava sentada entre o público levantou-se e gritou: "chega de ocupação". A manifestante estava a apenas cinco metros da esposa do primeiro-ministro, Sarah Netanyahu.

Netanyahu interrompeu seu discurso antes de dizer: "vocês sabem, eu considero uma honra — e tenho certeza que vocês também — o fato de que em nossa sociedade possamos nos manifestar. Não veríamos manifestações desse tipo nos parlamentos ridículos de Teerã ou de Trípoli".

A manifestante tentou brandir uma bandeirola com a cor vermelha, que foi arrancada de sua mão imediatamente por um membro dos serviços de segurança. Ela foi levada para fora da Câmara dos Representantes. O incidente durou apenas alguns segundos. Consultada pela AFP sobre o incidente, a polícia do Capitólio respondeu que estudava as possíveis acusações que poderiam ser apresentadas contra a manifestante.